Resumo |
Introdução: Nas últimas décadas, houve uma importante mudança no perfil da mortalidade da população brasileira, com aumento dos óbitos causados por doenças crônico-degenerativas. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é responsável por altos índices de morbidade envolvendo em seu tratamento altos custos. A Diabetes Melittus (DM) é outro importante e crescente problema de saúde, sua incidência e prevalência estão aumentando mundialmente. Estas condições ocupam lugar de destaque entre os problemas de saúde pública, e necessitam de um acompanhamento contínuo e cuidadoso, caso contrário, podem evoluir para complicações crônicas consequentes dessas doenças. A abordagem da HAS e da DM é constituída de intervenção medicamentosa e não medicamentosa sempre acompanhada por mudanças no estilo de vida. Assim, o sucesso do controle das taxas de glicemia e pressão arterial depende da adesão adequada do paciente ao tratamento e de práticas de saúde que estimulem ou facilitem a mudança do estilo de vida. Objetivo: Determinar o percentual de adesão ao tratamento medicamentoso, além de identificar os principais motivos referidos pelos pacientes para a interrupção do tratamento. Metodologia: Foi realizado um estudo descritivo, de corte transversal, em uma amostra de pacientes portadores de DM e HAS acompanhados pelas Equipes de Saúde da Família do Município de Viçosa. Os dados foram coletados no período de março a junho de 2012 através de entrevistas nos domicílios. A amostra foi de 52 pacientes hipertensos e 65 indivíduos diabéticos. Para seleção dos entrevistados foi utilizado a amostragem por conglomerado. O instrumento de coleta de dados foi um questionário pré-codificado. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV, protocolo nº. 048/2012/CEPH/UFV. Resultados: Verificou-se que 97,4% da população em estudo realiza tratamento medicamentoso enquanto 2,6% afirmam realizar tratamento não medicamentoso. A obtenção dos medicamentos adquiridos exclusivamente através do Sistema Público de saúde representou 28,2% da amostra sendo predominante o número de pessoas que afirmaram adquirir os medicamentos através deste sistema juntamente com a compra dos mesmos (62,4%). Dos pacientes em tratamento medicamentoso 9,4% afirmaram não utilizar a medicação regularmente. Quando questionados sobre a quantidade de medicamentos em uso, 56,4% afirmaram estar satisfeitos, porém 36,8% consideram o número de medicamentos excessivo. 66,7% dos pacientes relataram não necessitar de ajuda para utilizar a medicação. A interrupção do tratamento esteve presente 17,1% dos casos, sendo esquecimento o motivo predominante (10,0%). Conclusão: A adesão ao tratamento é um fenômeno multidimensional envolvendo fatores relacionados ao paciente, a doença, a equipe de saúde, terapêuticos e socioeconômicos. O enfermeiro deve exercer suas atividades objetivando facilitar mudanças de comportamento, hábitos de vida e cuidados necessários ao tratamento da HAS e/ou DM. |