Resumo |
O município de São Gotardo-MG tem se destacado, nas últimas décadas, pelo seu expressivo desenvolvimento agroindustrial, fator que impulsionou o crescimento urbano, demográfico e, sobretudo, o aumento da frota veicular. Com uma população estimada em mais de 43 mil habitantes e aproximadamente 29.600 veículos registrados, a cidade passou a enfrentar desafios significativos relacionados à mobilidade urbana. Um dos principais gargalos observados é a intensa circulação diária de ônibus rurais e intermunicipais, responsáveis por transportar trabalhadores do campo para a zona urbana. Essa circulação, especialmente nos horários de pico, tem contribuído de forma direta para a sobrecarga do sistema viário local, gerando conflitos de tráfego, lentidão e insegurança. Este trabalho de extensão teve como objetivo principal analisar os impactos causados por essa circulação intensiva de ônibus sobre a fluidez do trânsito, com foco específico no bairro Boa Esperança, além de propor intervenções viáveis e de baixo custo para a gestão da mobilidade. A metodologia utilizada baseou-se em observações diretas realizadas entre 4h30 e 6h00 da manhã, período crítico de deslocamento, e incluiu contagens manuais de veículos, registros fotográficos e o mapeamento das principais rotas utilizadas pelos ônibus. Os dados revelaram uma concentração elevada de veículos em determinados trechos, o uso de rotas alternativas improvisadas, além da presença de pontos de embarque sem infraestrutura mínima, como sinalização e áreas de parada seguras. Diante desse diagnóstico, foram formuladas quatro propostas de intervenção de fácil implementação: (1) reordenamento do estacionamento na Avenida Francisco Resende Filho, com a proibição em apenas um dos lados da via, a fim de ampliar a faixa de rolamento e melhorar a fluidez; (2) construção de uma nova via de acesso entre o bairro Boa Esperança e o loteamento EcoVillage, permitindo o desvio do tráfego de ônibus do centro urbano; (3) escalonamento dos horários de saída dos ônibus, conforme os tipos de atividades agrícolas, buscando reduzir a concentração simultânea de veículos; e (4) alargamento da Rua José Malica, possibilitando a passagem segura de ônibus em sentidos opostos. As soluções propostas se destacam por seu baixo custo, rápida execução e alto potencial de impacto positivo na mobilidade local. A atuação extensionista, neste contexto, foi essencial para articular o conhecimento técnico com a realidade vivenciada pela população, promovendo um espaço de diálogo entre universidade, poder público e comunidade. Conclui-se que a integração entre esses agentes é fundamental para a construção de cidades médias mais acessíveis, seguras e resilientes, com foco na sustentabilidade da mobilidade urbana. |