Resumo |
A gestão democrática nas Instituições Federais de Ensino Superior busca integrar os diversos segmentos da comunidade acadêmica nos processos decisórios, promovendo descentralização, representatividade e fortalecimento das funções de ensino, pesquisa e extensão. Apesar de ser um ideal previsto legalmente, nem todas as Universidades Federais (UF’s) alcançam o mesmo nível de maturidade na gestão democrática. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo identificar o nível de gestão democrática nessas instituições e apontar aspectos que precisam de aprimoramento. Foi aplicado um questionário com 34 questões objetivas, elaborado a partir de instrumentos validados como o Democracy Index, o V-Dem e o Índice Integrado de Governança e Gestão do TCU. Após validação com apoio da ferramenta ChatGPT-4, o instrumento foi encaminhado, via Fala.BR, às 69 UF’s brasileiras. Receberam-se respostas de 54 instituições; as demais alegaram dificuldades de acesso às informações ou ausência de competência para resposta conforme critérios da Lei de Acesso à Informação. Cada universidade pôde obter um Índice de Gestão Democrática (IGD) entre 0 e 10. Os maiores índices (9,53) foram registrados pela UFCSPA e UFMA; o menor índice (5,67) foi compartilhado pela UFT e UNILAB. A média geral foi de 8,04. A classificação das universidades ocorreu em quatro categorias: (1) gestão democrática plena (IGD ≥ 8), (2) gestão democrática imperfeita (6 ≤ IGD < 8), (3) gestão mista (4 ≤ IGD < 6) e (4) gestão centralizadora (IGD < 4). A maioria das instituições (55,56%) foi classificada com gestão plena, e nenhuma com gestão centralizadora. A região Centro-Oeste obteve a maior média (8,73), enquanto a Norte apresentou a menor (7,52). Para cada questão, utilizou-se uma escala de seis níveis: perfeita, muito alta, alta, intermediária, baixa e muito baixa. Os pontos mais frágeis na gestão democrática foram a escassa participação de terceirizados nas decisões e a ausência de capacitação adequada para dirigentes após sua eleição. Além disso, foram coletadas variáveis institucionais como idade da universidade, número de docentes, discentes, técnicos-administrativos, cursos, campi e relação candidato/vaga. Por meio da correlação de Spearman, verificou-se que nenhuma dessas variáveis apresentou relação estatisticamente significativa com os respectivos índices de gestão democrática. O teste de independência entre as categorias de gestão e as regiões do Brasil também não indicou associação relevante . Em conclusão, as UF’s demonstraram um bom resultado quanto ao IGD. Porém, o presente estudo escancarou algumas necessidades que são deixadas de lado. Além disso, os resultados contribuíram para uma melhor categorização, de forma geográfica e estatística. Como sugestão de possíveis estudos futuros, elaborar questões a atribuir no questionário, coletar os dados de forma mais interna nas Universidades e identificar variáveis das UF’s ou dados semelhantes, que tenham relação significativa com o IGD. |