Resumo |
Uma característica importante dos queijos em Minas Gerais é a sua produção artesanal, que disponibiliza cerca de 40 mil toneladas/ano no mercado, de produto fabricado em pequenas propriedades. Essa produção encontra-se pulverizada em cinco regiões principais (Araxá, Canastra, Cerrado, Serro e Campos das Vertentes), consideradas tradicionais e, protegidas atualmente pela Lei no 14.185, de 31 de janeiro de 2002. Essa lei, além de valorizar a tradição mineira, visa resguardar e proteger uma atividade da qual se ocupam cerca de 30 mil famílias de pequenos proprietários. A fabricação do queijo Minas Artesanal, geralmente é feita por pequenos agricultores de propriedades rurais onde normalmente não são realizadas as boas práticas de manejo do rebanho e fabricação, como higienização e sanitização correta do ambiente e dos utensílios a serem usados antes e depois da fabricação do queijo. Assim, o objetivo do presente trabalho foi caracterizar as condições socioeconômicas e higiênico-sanitárias do queijo Minas Artesanal do Cerrado, produzido no município de Serra do Salitre. As 50 propriedades forma selecionadas de forma aleatória e apresentavam diferentes perfis de adequação. A caracterização foi realizada por meio de questionários estruturado que abordou questões sobre o produtor; a obtenção da matéria-prima; instalações sobre a queijaria; criação de animais; manipuladores; equipamentos e utensílios diretamente relacionados ao processamento entre outros. Os resultados obtidos demonstraram que o volume de leite diário produzido é em média 400 litros por produtor, sendo este volume todo destinado a de queijo minas artesanal. Foi observado também, que a comercialização deste produto constitui a única fonte de renda para a maioria dos produtores e sua família. A ordenha e a produção do queijo são realizadas pelo próprio proprietário da fazenda e familiares e apenas algumas das propriedades tinham o auxilio de um funcionário, que apresentavam roupas aparentemente limpas, porém não faziam uso de toucas, e máscara, todos entrevistados alegaram fazer a higienização das mãos antes da produção do queijo. A água utilizada para a higienização dos utensílios, do local de produção e mãos não era tratada. Todos os proprietários alegaram produzir queijo há muitos anos e que participaram de treinamentos e reuniões sobre produção de queijo, porém nenhumas das propriedades se encontraram totalmente dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente. Dentre as principais problemas por partes dos produtores para a adequação foi a falta de recurso financeiro (85%), a construção inadequada da queijaria (10,5%), porém os proprietários mostram interesse em se adequarem à legislação. Contudo é possível concluir que há necessidade de treinamento e conscientização dos produtores, para que estes saibam da importância de boas práticas de fabricação para a qualidade e valor dos queijos artesanais, atendendo assim a legislação especifica. |