Resumo |
O consumo da soja está em plena expansão no mundo, tendo atingido, na safra global (2013/14), a marca de 283,87 milhões de toneladas de grãos, tendo o Brasil contribuído com 86,7 milhões de toneladas. Para se atingir este patamar é necessário dispor-se de grande quantidade de fertilizantes, insumos para controle de pragas, doenças e plantas invasoras, além de área agricultável, nem sempre disponível, devido às limitações geográficas ou mesmo restrições ambientais. A extração de insumos provenientes de fontes não renováveis gera o problema da insustentabilidade, comprometendo a disponibilidade e viabilidade para gerações futuras. Parte-se da hipótese de que novas tecnologias desenvolvidas com base em resíduos recicláveis tenham bases mais renováveis. O objetivo deste trabalho foi estudar a produtividade da soja em resposta à aplicação de ácidos húmicos, visto que, outros estudos já apontaram resultados positivos em milho, arabidopsis, trigo e videira, mesmo que, por outro lado, em guatambu, cróton e leucena não tenham se observado efeitos significativos. Neste estudo, realizou-se, no Setor de Floricultura da UFV-Florestal, um processo de compostagem de esterco gerado por bovinos, sendo uma dentre as várias matérias primas para produção de ácidos húmicos, substância orgânica com propriedades promotoras de crescimento e desenvolvimento de espécies vegetais. A partir do composto, realizou-se a extração e titulação do ácido húmico para determinação do estoque de carbono. Para avaliação da cultura da soja, aplicaram-se ácidos húmicos extraídos do esterco bovino, na fase fenológica V3, nas concentrações de 0, 10, 20, 30 e 40 mmol L-1 de carbono orgânico, visando aumento de produtividade de grãos, além de avaliações de qualidades morfológicas. O experimento foi realizado no campo de produção de sementes da Universidade Federal de Viçosa, no Município de Florestal, no delineamento em blocos casualizados, sendo 5 tratamentos e 4 repetições. Nos resultados obtidos, não se observou diferenças estatísticas significativas entre os tratamentos e o controle. Apesar disso, em particular, destacam-se valores predominantemente superiores na concentração de 30 mmol L-1. Na concentração de 20 mmol L-1, dose anterior a que apresentou melhor resultado aparente, os valores são relativamente baixos, sugerindo um efeito inibitório no desenvolvimento da planta, o que não se observou com tanta evidência na concentração de 10 mmol L-1. Conclui-se sobre o potencial de aproveitamento das substâncias testadas e sugere-se a avaliação dos efeitos da aplicação do produto em outras fases fenológicas da cultura. |