| Resumo |
Desequilíbrios redox e inflamatórios estão envolvidos em diversas condições patológicas, incluindo lesões cutâneas. A produção exacerbada de espécies reativas de oxigênio (EROs) durante a resposta inflamatória pode comprometer a integridade celular, dificultando a regeneração tecidual. Nesse contexto, cresce o interesse por alternativas terapêuticas baseadas em compostos naturais com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Este estudo teve como objetivo avaliar, in vitro, o potencial antioxidante e anti-inflamatório do extrato da casca do caule de Croton urucurana Baillon, planta nativa do Brasil tradicionalmente utilizada na medicina popular. O extrato foi obtido por maceração em etanol a 95% e posteriormente concentrado em evaporador rotativo. As análises incluíram: capacidade antioxidante pelos métodos DPPH e FRAP; avaliação da viabilidade celular e da ação citoprotetora em macrófagos RAW 264.7 expostos a H₂O₂ (1 mM); e quantificação da atividade das enzimas antioxidantes catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD) e glutationa S-transferase (GST). Também foram avaliadas as atividades anti-inflamatórias por meio dos ensaios de inibição da desnaturação proteica, inibição da digestão por tripsina e hemólise induzida por calor. A análise estatística foi realizada no software GraphPad Prism 8.0.1. A normalidade dos dados foi avaliada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov e, quando confirmada, as comparações entre grupos foram feitas por ANOVA seguida do teste de Tukey (p < 0,05). O extrato apresentou atividade antioxidante dose-dependente nos ensaios de FRAP e DPPH, com melhores respostas entre 50 e 100 µg/mL. A viabilidade celular indicou que concentrações acima de 75 µg/mL não conferem efeito protetor, sugerindo possível toxicidade. Assim, as doses mais promissoras foram 25, 50 e 75 µg/mL. Em relação às enzimas antioxidantes, o extrato demonstrou efeito protetor ao restaurar a atividade da CAT nos grupos submetidos ao estresse oxidativo, embora sem diferenças significativas entre as concentrações. A SOD apresentou maior atividade com 25 µg/mL, enquanto doses mais elevadas resultaram em resposta atenuada, sugerindo possível interferência no sistema antioxidante. Resultado semelhante foi observado para a GST, com melhor resposta também na menor dose. Nos testes anti-inflamatórios, o extrato inibiu significativamente a desnaturação proteica e a proteólise, especialmente nas concentrações de 25 e 50 µg/mL, enquanto o efeito na hemólise foi discreto e sem diferença estatística. Os dados indicam que o extrato de Croton urucurana apresenta propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias promissoras, com ênfase para as concentrações de 25 e 50 µg/mL, que demonstraram melhor equilíbrio entre eficácia e segurança. Esses achados apontam para o potencial uso do extrato no desenvolvimento de bioativos voltados ao tratamento de feridas cutâneas e processos inflamatórios da pele. |