| Resumo |
A compostagem é um processo biotecnológico crucial para a reciclagem de resíduos orgânicos, transformando-os em adubo estável e rico em nutrientes. Os microrganismos que a realizam desempenham um papel central e a comunidade fúngica, em particular, é reconhecida por sua capacidade de degradar polímeros complexos. Contudo, a dinâmica taxonômica desses fungos ao longo das diferentes fases da compostagem ainda não está completamente elucidada, o que limita o entendimento e a otimização desse bioprocesso. Este estudo teve como objetivo geral caracterizar a composição taxonômica da comunidade fúngica presente no inóculo e nas diferentes fases de um processo de compostagem de resíduos da fazenda Bacaba, localizada no município de Miranorte-TO, visando identificar os gêneros predominantes e suas abundâncias relativas. Foram coletadas cinco amostras de cada tratamento: inóculo, composto cru, composto pronto com inóculo e composto pronto sem inóculo. Em seguida, pesou-se 250 mg de cada amostra para extração de DNA utilizando o kit Nucleo Spin Soil. Para avaliação da população fúngica, o DNA da região ITS1 foi amplificado por PCR usando o par de primers ITS1F e ITS2. As amostras com bandas entre 400 e 450 pb foram utilizadas para a montagem das bibliotecas, que foram sequenciadas usando a plataforma Illumina NovaSeq 6000. A análise da abundância relativa dos fungos foi realizada no software R e a análise da composição taxonômica foi realizada utilizando o banco de dados UNITE. No inóculo, os principais gêneros de fungos encontrados foram Chaetomium, decompositor de celulose, e Thermomyces e o Thermothielavioides que, além de degradar celulose, atuam também na decomposição rápida de hemicelulose e lignocelulose. No composto cru, esses gêneros também foram encontrados, assim como Aspergillus, Penicillium, Orpinomyces, Apiotrichum e Pichia, que degradam compostos orgânicos. No composto pronto com inóculo, a maioria desses gêneros desapareceu e passaram a predominar outros, como Thermomyces e o Ascobolus, que atuam nas fases finais da compostagem na decomposição do material orgânico. No composto pronto sem inóculo estes também predominaram, além do Microascus. Isso mostra que houve uma sucessão natural de fungos ao longo do processo. O uso do inóculo resultou em uma menor abundância relativa dos gêneros no composto pronto inoculado do que naquele que não recebeu a inoculação, mas a quantidade de gêneros foi similar, o que indica que a adição de inoculantes microbianos no processo de compostagem não gerou mudanças significativas na comunidade fúngica. Agradecimentos: AGROJEM. |