| Resumo |
Introdução: o banho no leito é uma intervenção rotineira da equipe de enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva, especialmente para pacientes com limitações funcionais graves. Muitos deles frequentemente fazem uso de dispositivos assistenciais, como suportes ventilatórios, cateteres e sondas, que, embora essenciais para o suporte à vida, os tornam mais suscetíveis a incidentes durante os cuidados. Tais eventos, como desconexões acidentais, deslocamentos e obstruções, exigem atenção especial da equipe de enfermagem, visto que representam riscos à segurança do paciente e à continuidade da terapia. Diante disso, estudar os incidentes relacionados a esses dispositivos é essencial para aprimorar a prática de enfermagem e reduzir danos evitáveis. Objetivo: analisar a prevalência de incidentes associados a dispositivos assistenciais durante o banho no leito em pacientes de uma Unidade de Terapia Intensiva. Metodologia: estudo transversal retrospectivo realizado entre janeiro de 2024 e maio de 2025 em uma Unidade de Terapia Intensiva adulto de um hospital público de ensino da região Sudeste do Brasil. Foram incluídos pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, com diagnóstico de "habilidade de banhar-se diminuída" e que receberam banho no leito pela equipe de enfermagem, conforme rotina do serviço. Os banhos foram acompanhados diariamente pelos pesquisadores, que registraram os dados em instrumento próprio. As informações foram analisadas no SPSS® v.23 e realizou-se a análise descritiva e inferencial. A prevalência de incidentes foi expressa em porcentagem e sua classificação por tipo e gravidade em frequências. Para análise de fatores associados, aplicaram-se os testes de Kolmogorov-Smirnov, Qui-quadrado de Pearson e Mann-Whitney. Resultados: dentre as 662 intervenções de banho no leito observadas, 93 (14,0%) foram acompanhadas de algum incidente. Dentre os incidentes, 21,5% estiveram associados a dispositivos assistenciais, como cateteres, drenos e suporte ventilatório, apresentando gravidade moderada. Esses achados destacam a importância de uma atuação mais sistematizada e pautada no conhecimento técnico-científico e no pensamento crítico, com foco na segurança do paciente. Conclusões: embora seja uma prática rotineira nas Unidades de Terapia Intensiva, o banho no leito não é uma intervenção clínica que está isenta de riscos de incidentes e eventos adversos. Tais achados reforçam a necessidade de uma prática mais criteriosa e reflexiva, centrada na segurança do paciente. A adoção de protocolos específicos, ações de educação permanente e o fortalecimento da cultura de notificação são estratégias essenciais para qualificar a assistência e prevenir danos evitáveis. |