| Resumo |
A produção de energia a partir de fontes renováveis tem ganhado destaque global diante da necessidade de mitigar os impactos ambientais causados pelos combustíveis fósseis, principais responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e pelas mudanças climáticas. Neste contexto, a utilização de biomassa residual surge como alternativa estratégica para promover uma matriz energética mais sustentável. A madeira de pinus é amplamente empregada na produção de pellets, biocombustíveis sólidos obtidos pela compactação de biomassas de baixa granulometria, promovendo assim maior densidade energética e elevando o desempenho em sistemas de combustão. Embora a biomassa de pinus já atenda às exigências normativas de qualidade dos pellets, a crescente demanda por essa matéria-prima reforça a necessidade de explorar fontes complementares. Entre os resíduos com potencial energético, destaca-se o subproduto da cafeicultura, atividade que, no Brasil, gera volumes significativos de resíduos que podem trazer impactos ambientais significativos quando descartados de forma inadequada. Dito isso, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da composição dos blends das biomassas residuais de pinus e palha de café na durabilidade mecânica e consequentemente na geração de finos. As análises de durabilidade e finos foram realizadas utilizando um Lignotester conforme a norma europeia DIN EN 15210-1, que estabelece padrões de qualidade essenciais para o transporte, armazenamento e desempenho dos pellets. O experimento foi conduzido com pellets de nove proporções de mistura entre as biomassas. Os resultados mostraram que os pellets produzidos com 87,5% e 100% de resíduo de café apresentaram os maiores valores de durabilidades, acima de 99%, diferente das formulações com predominância da biomassa de pinus, onde a durabilidade ficou abaixo de 97%. Esse desempenho foi atribuído à presença de extrativos no café, que funcionam como plastificantes e aumentam a coesão das partículas durante a compactação. Essas mesmas formulações apresentaram maiores teores de finos (máximo de 0,46%), indicando maior fragilidade à desintegração, porém ainda se adequaram a normas de qualidade europeia, como a DIN EN 14961-6. As misturas intermediárias de 25% a 75% de resíduos de café obtiveram durabilidade acima de 97% e valores médios de finos moderados, representando equilíbrio entre resistência mecânica e integridade física dos pellets. Os pellets produzidos com 100% de resíduos de pinus, apesar de apresentarem os menores valores de durabilidade, mostraram os menores teores de finos, possivelmente em função dos maiores teores de lignina presentes na madeira. Conclui-se que a adição de resíduo de café impacta positivamente na durabilidade dos pellets. Apesar de existir um leve aumento na produção de finos nas proporções com mais residuos café, os valores obtidos mantiveram-se dentro dos padrões de qualidade europeus. |