| Resumo |
O lúpus eritematoso cutâneo crônico (LECC) é uma dermatopatia autoimune que afeta cães, caracterizada por fotossensibilidade, dano a queratinócitos, infiltração linfo-histiocítica, produção de autoanticorpos e deposição de complexos imunes. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de LECC em um cão atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa. Um cão, macho, sem raça definida, quatro anos de idade, pesando 20 kg e não castrado, foi atendido com queixa de lesões ulceradas no plano nasal. Ao exame físico, observou-se despigmentação nasal, eritema em ponte e plano nasais distal, lábios e bordas nariculares, alopecia e crostas hematomelicéricas no plano nasal, além de lesões erodocrostosas em região periocular bilateral, sem sinais sistêmicos associados. Foram realizados exames dermatológicos, incluindo citologia, que revelou processo inflamatório misto com presença de macrófagos, queratinócitos anucleados, hemácias e bactérias cocoides. Tricograma e cultura fúngica foram negativos para fungos dermatófitos. Foi feito sorologia para leishmaniose (ELISA e imunofluorescência indireta) em que paciente foi não reagente. O exame histopatológico evidenciou dermatite perivascular e de interface linfoplasmohistiocitária e neutrofílica moderada. O tratamento consistiu em remoção total do animal da exposição solar, corticoterapia oral (prednisolona por 14 dias), suplementação com ômega 3, uso tópico nasal com pomada contendo gentamicina, betametasona e miconazol, e pomada oftálmica com gentamicina, hidrocortisona, vitaminas A e D. Após 14 dias, a frequência da corticoterapia foi alterada para a cada 48 horas por 7 dias, com adição de aceponato de hidrocortisona tópico. Posteriormente, a dose foi reduzida para a cada 48 horas por 5 dias, mantendo uso tópico e introduzindo protetor solar nos dias sem corticoide. Ao final do tratamento, observou-se resolução das lesões nas regiões nasal, periocular e labial. O animal permaneceu em acompanhamento com recomendações de evitar exposição solar, uso contínuo de protetor solar e suplementação com ômega 3. Conclui-se que a abordagem terapêutica combinada (sistêmica e tópica), associada à fotoproteção rigorosa, foi eficaz no controle clínico do LECC, demonstrando e enfatizando a importância do manejo ambiental e medicamentoso dessa dermatopatia autoimune. |