| Resumo |
As frações físicas da matéria orgânica do solo (matéria orgânica particulada (MOP) e a matéria orgânica associada aos minerais (MOAM)) são componentes cruciais para a sustentabilidade dos sistemas agrícolas. A MOP representa a fração lábil e ativa, indicando a saúde e a ciclagem de nutrientes em curto prazo. Já a MOAM, mais estável, é vital para o sequestro de carbono a longo prazo. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar o estoque de carbono da matéria orgânica particulada (C-MOP) e da matéria orgânica associada aos minerais (C-MOAM) em diferentes sistemas de manejo agrícola. O experimento foi instalado em 2012, no campo experimental da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, utilizando delineamento inteiramente casualizado, em um solo de textura arenosa classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo. Os tratamentos foram compostos por cinco sistemas de manejo: Solo Exposto (SE), Plantio Convencional (PC), Sistema de Plantio Direto (SPD), Pastagem (PP) e Cana-de-Açúcar (CA). Em 2024, foram coletadas amostras de solo nas profundidades de 0–5, 5–10, 10–20 e 20–40 cm para determinação dos estoques de carbono orgânico das frações C-MOP e C-MOAM. A separação das frações foi feita por peneiramento úmido e o carbono determinado pelo método de oxidação via úmida. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias dos parâmetros analisados foram comparadas pelo teste de LSD, ao nível de 5% de probabilidade. Após doze anos do início do experimento, de maneira geral, os estoques de C-MOP e C-MOAM foram inferiores no tratamento SE, em todas as profundidades avaliadas. Para o estoque de C-MOAM, os maiores valores foram observados no tratamento PP. Entretanto, na profundidade de 0–5 cm, os valores foram semelhantes aos do SPD, e, nas camadas mais profundas, aproximaram-se dos observados no tratamento CA. Os estoques de C-MOM no PC foram intermediários entre os observados no SE e aqueles verificados nos tratamentos SPD, CA e PP, em três das quatro profundidades analisadas. Em relação ao C-MOP, na profundidade de 0–5 cm, os maiores valores foram observados nos tratamentos CA e SPD. Na profundidade de 5–10 cm não houve diferença significativa entre os tratamentos. Para a profundidade de 10–20 cm, os maiores acúmulos de C-MOP ocorreram nos tratamentos SPD e PP. Já na camada de 20–40 cm, os maiores valores foram observados nos tratamentos CA e PP. Os resultados demonstram que manejos conservacionistas, como o SPD, PP e CA, que promovem a cobertura do solo e o aporte contínuo de resíduos, favorecem o acúmulo de carbono nas frações lábeis e estáveis da matéria orgânica. Em contraste, tratamentos com solo descoberto (SE) ou revolvimento constante (SE e PC) apresentam menor capacidade de estocagem de carbono. Assim, a adoção de práticas que conservem ou aumentem os estoques de carbono no solo é fundamental para a sustentabilidade, resiliência e qualidade dos sistemas agrícolas. |