| Resumo |
A irrigação é tecnologia imprescindível para atender o aumento da demanda por alimentos e, ao mesmo tempo, preservar os recursos naturais. Neste contexto, a conexão de tecnologias digitais é essencial para aumentar a eficência da irrigação e o monitoramento do uso de recursos hídricos. Apesar dos avanços, a conectividade digital no campo ainda é um desafio. Este estudo, fruto do convênio da equipe AgroPus UFV e a Rede ConectarAGRO, analisou a conectividade em áreas agrícolas irrigadas por pivô central no Brasil. O estudo utilizou dados geoespaciais públicos e oficiais para todo o território brasileiro. Dados de uso e cobertura do solo do MapBiomas (Coleção 9), com imagens de satélite de 30 metros de resolução, foram usados para identificar e vetorizar as áreas irrigadas por pivô central. Essas áreas foram processadas em softwares de Sistema de Informação Geográfica (SIG), como oQGIS. Em seguida, dados de cobertura de internet móvel 4G e 5G da Anatel foram integrados, essenciais para a análise de conectividade. Os limites municipais do IBGE foram utilizados para agregar os resultados. A análise de sobreposição espacial foi realizada pela operação de intersecção entre as camadas vetoriais das áreas irrigadas e da cobertura móvel, identificando as áreas com conectividade. O percentual da área irrigada conectada em relação à área total irrigada por município foi então calculado. Essa granularidade municipal permite a identificação precisa de áreas com alta e baixa conectividade. Os resultados revelaram que apenas 28,26% da área irrigada por pivô no Brasil possui cobertura móvel, e somente 13,55% dos pivôs têm 100% de cobertura. A internet é fundamental em áreas irrigadas para otimizar o uso da água, reduzir custos e aumentar a produtividade, permitindo monitoramento remoto, automação e gestão baseada em dados. Estados como Ceará e Paraíba mostram alta conectividade em áreas irrigadas, porém são menos representativos pois apresentam pequena área destinada a este uso. Por outro lado, Minas Gerais, Goiás e Bahia, com maiores áreas irrigadas, possuem menor conectividade. Municípios como Paracatu (MG) e Unaí (MG), que possuem a maior área irrigada do país, apresentam baixa conectividade, contrastando com Denise (MT) e Rubinéia (SP), que alcançam 100%, mas têm menor área irrigada. Analisando os Polos de irrigação, o Oeste Baiano (BA) e São Marcos (GO/MG) têm baixos índices (16,62% e 16,78%), enquanto Vertentes do Rio Pardo e Mogi Guaçu (SP/MG) e Jaguaribe (CE) mostram altos níveis (70,88% e 69,24%). A análise por Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHs) também revelou essa heterogeneidade, com o São Francisco tendo apenas 18,37% de conectividade. Os resultados reforçam a urgência de investimentos em infraestrutura digital e políticas públicas para ampliar a conectividade rural, visando maior eficiência no uso da água e competitividade do setor. |