| Resumo |
Os anfíbios anuros desempenham papel crucial na manutenção do equilíbrio ecológico, atuando como predadores, presas e bioindicadores de qualidade ambiental. Este estudo realiza um inventário atualizado da diversidade de anuros na Estação de Pesquisa, Treinamento e Educação Ambiental (EPTEA) Mata do Paraíso (194 ha), fragmento de Mata Atlântica em estágio médio/avançado de regeneração na Zona da Mata Mineira, que protege nascentes do Córrego Santa Catarina e abriga espécies ameaçadas. Apesar do histórico de monitoramento até 2009, há uma lacuna de dados atuais sobre a composição e riqueza de espécies, dificultando a avaliação de impactos antrópicos, mudanças climáticas e eventuais invasões biológicas. O trabalho empregou métodos padronizados de busca ativa noturna e registros bioacústicos em diferentes habitats do fragmento, incluindo o brejo de 800m e corpos d'água sazonais, com espécimes depositados na coleção do Museu de Zoologia João Moojen. Foram registradas 23 espécies: Aplastodiscus cavicola, Boana crepitans, B. faber, B. pardalis, B. semilineata, Dendropsophus decipiens, D. elegans, D. minutus, D. pseudomeridianus (novo registro para Zona da Mata Mineira), Haddadus binotatus, Ischnocnema izecksohni, Leptodactylus barrioi, L. latrans, L. mystacinus, Ololygon luizotavioi, Phyllomedusa burmeisteri, Physalaemus cuvieri, P. feioi, P. signifer, Proceratophrys boiei, Rhinella crucifer, Scinax eurydice e S. fuscovarius. O registro de D. pseudomeridianus - anteriormente com ocorrência documentada principalmente no Rio de Janeiro, apenas 3 registros no Espírito Santo e 5 em Minas Gerais - amplia significativamente sua distribuição conhecida na Zona da Mata Mineira. Este achado evidencia lacunas no conhecimento da distribuição de anfíbios no sudeste mineiro e reforça a importância de inventários locais. A riqueza atual de 23 espécies contrasta com as 32 registradas historicamente, sugerindo possível declínio populacional após 15 anos sem monitoramento. A ausência da exótica Aquarana catesbeiana, já registrada em outras áreas de Viçosa, indica a necessidade de vigilância contínua contra invasões biológicas. Os resultados reforçam a importância do monitoramento permanente para ações de conservação e manejo adaptativo deste fragmento estratégico da Mata Atlântica, essencial para compreender os impactos da ação antrópica e mudanças climáticas na anurofauna regional. |