| Outros membros |
Camila da Costa Silva Paula, Estefani Rodrigues da Silva, Henrique Barbosa da Silva, Ian Monteiro Rangel, João Vítor Leitão de Campos, Jucele de Freitas Castro, Pedro da Silva Valente, Sarah Reis Morais de Melo |
| Resumo |
Os fungos, apesar de sua enorme relevância ecológica, alimentar e farmacológica, são pouco abordados no ensino básico. Para enfrentar essa lacuna, foi criado o projeto “Aproveitamento de resíduos para produção de cogumelos comestíveis como proposta de ensino de ciências da natureza para estudantes do ensino fundamental e médio” que utiliza o cultivo de cogumelos como recurso didático. Ao articular pesquisa, ensino, extensão universitária e práticas sustentáveis, o projeto alinhou-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 4 (Educação de Qualidade) e 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável), demonstrando como a microbiologia pode ser abordada de forma concreta e transformadora no ambiente escolar. A proposta foi adaptada à realidade de 78 alunos do 2° e 3° ano do ensino médio da Escola Estadual Professor Samuel João de Deus, em Paula Cândido-MG, região majoritariamente rural. O curso foi dividido em dois momentos: um teórico, com abordagem expositivo-dialogada, em que os estudantes foram introduzidos aos conceitos básicos da biologia dos fungos, sua importância ecológica e biotecnológica, e às etapas do cultivo de cogumelos comestíveis; e um prático, no qual os alunos, organizados em grupos, utilizaram bagaço de cana-de-açúcar tratado como base para produzir os blocos de cultivo, que foram inoculados com “semente” (spawn) de fungos selecionados. Um questionário foi utilizado como ferramenta avaliativa. Segundo o questionário 46% dos participantes residem em zona rural e 80% têm familiares que atuam na produção agrícola. A ação buscou aproximar os alunos do universo dos fungos, desmistificar o cogumelo, promover a compreensão prática do cultivo e incentivar o uso de resíduos agrícolas como substrato produtivo, evidenciando o potencial do cultivo de cogumelos como alternativa sustentável e acessível de geração de renda e alimento em contextos rurais. O curso se destacou pelo impacto direto na aprendizagem: entre os 78 participantes, 63 afirmaram ter aprendido sobre a importância dos fungos na produção de medicamentos, e 30 disseram não saber, até então, que os fungos não são animais ou plantas, o que evidencia lacunas no ensino de microbiologia. Um dos resultados mais expressivos foi o estímulo à continuidade dos estudos: 69% dos estudantes declararam intenção de ingressar na universidade, sendo que 2 em cada 3 que o curso contribuiu diretamente para esse desejo, evidenciando o papel transformador da extensão na construção de perspectivas acadêmicas e na aproximação entre universidade e comunidade. A proposta foi amplamente aprovada: 57 estudantes marcaram que “gostaram muito” da experiência. A ação demonstrou o potencial da extensão universitária para transformar o ensino de microbiologia em contexto escolar: ao integrar teoria, prática, sustentabilidade e protagonismo estudantil, o curso combateu desinformações, despertou o interesse dos alunos pela ciência, pela universidade e por práticas produtivas sustentáveis. Agradecimento:FAPEMIG |