| Resumo |
Contemporaneamente, uma paisagem é entendida como a consequência da ação de diferentes agentes sobre um meio natural, evidenciando a passagem do tempo através de suas marcas. A ideia de “paisagem cultural”, por sua vez, pode ser compreendida como toda delimitação geográfica que expressa, de forma singular, características resultantes da apropriação social do espaço, materializadas em bens patrimoniais materiais e imateriais. Nesse sentido, o campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV) apresenta potencialidade enquanto paisagem cultural, dadas as diferentes formas de interação entre o espaço e o público ao longo dos seus quase cem anos de história. Apesar disso, fatores como a intensa expansão de suas atividades e o crescimento desordenado pelo qual o campus tem passado comprometem elementos essenciais à sua concepção e geram mudanças na percepção visual e identitária do público em relação ao espaço universitário, fato que coloca em risco o valor patrimonial do objeto de estudo. Posto isso, é primordial a adoção de medidas relativas à gestão que ordenem o crescimento contínuo do campus e impeça a descaracterização desse território. Esta pesquisa tem como objetivo o estudo da viabilidade do campus UFV - Viçosa como paisagem cultural, a fim de contribuir com as diretrizes de intervenção e gestão. Por meio da revisão bibliográfica e análise de estudos de caso, optou-se por aplicar a metodologia de vetores, desenvolvida por Rocío Silva Pérez e Víctor Fernández Salinas, de modo a identificar a vocação do campus, sendo compilados em três grandes eixos norteadores da paisagem: natural, cultural e histórico. Os eixos cultural e histórico estão presentes nas questões patrimoniais da materialidade e imaterialidade enquanto que o natural justifica-se pela vocação específica do campus como parque urbano para a comunidade. Para caracterizar cada eixo, foram identificados seus principais vetores: no eixo natural, destacam-se o natural domesticado, o natural preservado e o natural cultural; no cultural, evidenciam-se as festividades, as práticas sociais não institucionalizadas e os agentes promotores de cultura; por fim, no histórico, os vetores são o patrimônio arquitetônico, o desenho urbano e o desenho de parques e jardins. Como resultado inicial, foram elaboradas tabelas para sistematização dos vetores, alimentadas por pesquisas em fontes documentais históricas e mídias sociais, bem como o levantamento in loco e de estudos anteriores sobre o campus. Com base nisso, a pesquisa antevê os eixos de concentração das estruturas na Av. P.H. Rolfs, a R. Purdue e de forma mais secundária, mas igualmente importante, na Av. da Agronomia. Essa concentração sugere a princípio a potencialidade dessas vias como eixos de força da paisagem do campus. Por fim, as próximas etapas da pesquisa consistem no estabelecimento dos principais eixos de força que compõem a paisagem do campus e a proposição de um zoneamento preliminar. |