| Resumo |
Mato Grosso obteve na safra 2024/25 recordes históricos de produção. O milho alcançou 54,02 milhões de toneladas, uma alta de 14,5% sobre o ciclo anterior, com produtividade média de 126,25 sc/ha. Em relação a soja, o estado produziu 41,53 milhões de toneladas, com produtividade média de 60,20 sc/ha. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária – IMEA, divide o estado em 7 regiões. A região Médio Norte e Sudeste correspondem a quase 40% e 16% da produção de milho no estado. A produção de milho ocorre predominanteme no sistema de dupla safra, na qual o milho é plantado em sucessão à soja. A área de milho plantada em segunda-safra cresceu nas últimas duas décadas, correspondendo atualmente a 95-99 % da produção total cerrado. O objetivo do trabalho, desenvolvido no âmbito de um convênio entre o IMAFIR e a UFV, foi avaliar como a variação na duração da estação chuvosa impacta na produtividade nessas duas regiões. Foram ajustados modelos de regressões para cada região, estimando a perda de produtividade do milho de uma safra em relação à anterior (variação em Kg/ha) decorrente da variação de dias da estação chuvosa (variação de dias em relação à média histórica na região). Para isso, foram coletados os dados da Produção Agrícola Municipal do IBGE das safras de 2002/2003 a 2022/2023 e utilizados dados climáticos publicados pela equipe Biosfera da UFV. Os modelos gerados foram: i) Médio Norte: Y=15,6X+148,R^2=0,057. Nesta região, cada dia extra resultaria em variação de 15,6 kg/ha (ou aprox. 0,25 sc/ha). Perderia-se 15,6 Kg/ha para cada dia a menos em relação a média, ou 1 sc/ha a cada 4 dias e ii) Sudeste: Y=22,9X+185,R^2=0,206. Cada dia adicional de chuva agrega cerca de +23 kg/ha (~0,37 sc/ha). A diferença é explicado pelo fato do Médio Norte receber chuvas mais regulares, enquanto o Sudeste, alimentado pela umidade da Amazônia, sofre com atrasos de chuva vindos do noroeste, amplificando os efeitos negativos no plantio e enchimento de grãos. Já a região Sudeste, os resultados mostram como ela parece ser mais vulnerável a atrasos na instalação da estação chuvosa. Isso torna a produtividade mais dependente do calendário climático, amplificando o efeito de eventuais atrasos na chuva e justificando o maior coeficiente angular observado. Os resultados mostram que, em ambas as regiões, a duração da estação chuvosa apresenta relação positiva com a variação da produtividade. O impacto é mais acentuado na região Sudeste, o que reforça a importância de monitorar e planejar a semeadura em função do comportamento das chuvas, principalmente na região de Primavera do Leste, onde o atraso da estação chuvosa tende a resultar em quedas de produtividade mais expressivas. Este comportamento evidencia as particularidades climáticas regionais e destaca a necessidade de estratégias diferenciadas para cada microrregião agrícola do estado de Mato Grosso. |