| Resumo |
A suinocultura é uma importante atividade econômica em diversos países, especialmente no Brasil, onde a carne suína se destaca como uma das fontes de proteína animal mais consumida e comercializada. A elevada produção animal está atrelada ao uso cada vez crescente de antimicrobianos e, esta relação tem destacado uma preocupação que é a disseminação de genes de resistência. Nesse contexto, o marcador de resistência mcr-1, que confere resistência à colistina, um antimicrobiano de último recurso para tratar infecções graves causadas por bactérias Gram-negativas multidroga-resistentes (MDR), tem sido largamente identificado em patógenos bacterianos isolados em animais de produção, como suínos. Nesse contexto, Klebsiella pneumoniae (Kpn) destaca-se como um dos patógenos prioritários na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS), representando um desafio crítico para a saúde pública. Em animais de produção tem se destacado como um patógeno respiratório emergente, no entanto é um membro comensal na microbiota de suínos. Klebsiella pneumoniae expressa diversos fatores de virulência e são capazes de produzir vesículas extracelulares (VEs), estruturas capazes de transportar genes de resistência e virulência, favorecendo sua disseminação por meio da transferência horizontal de genes (THG). Este estudo objetivou caracterizar as VEs de Kpn na presença e ausência de colistina. Para isso, foi utilizado o isolado UFV HS-144 proveniente de suínos saudáveis e portador do gene mcr-1. Inicialmente, foi realizada a curva de crescimento bacteriano para definição do ponto de coleta das VEs. Com base nos parâmetros obtidos, o isolado bacteriano foi cultivado até o final da fase exponencial, na ausência e presença de colistina (8 µg·mL⁻¹), e, em seguida, as VEs foram isoladas por ultracentrifugação. A caracterização das VEs foi feita por TEM e DLS e a concentração proteica foi feita pelo método BCA. Adicionalmente, a presença do marcador molecular para o gene mcr-1 foi verificada por PCR convencional. As VEs de Kpn cultivada sem colistina apresentaram potencial zeta médio de −13,20 ± 2,54 mV e diâmetro hidrodinâmico superior a 1000 nm, indicando a presença de agregados, enquanto aquelas obtidas na presença de colistina exibiram potencial zeta médio reduzido (−1,60 ± 1,95 mV) e tamanho médio de 253,3 ± 10,8 nm, sugerindo diferenças na carga superficial e na distribuição populacional das VEs entre as condições. A concentração proteica total das VEs foi de 0,82 mg·mL⁻¹ sem colistina e de 7,7 mg·mL⁻¹ na presença do antimicrobiano, indicando maior conteúdo proteico após o estresse. A partir das condições investigadas não foi detectada a presença do gene mcr-1 nas VEs. Os resultados indicam alterações na morfologia, composição e características físico-química das VEs decorrentes da exposição à colistina. Financiamento: CNPq, FAPEMIG, CAPES. |