| Resumo |
O uso de pesticidas sintéticos continua sendo o método mais utilizado para o controle de pragas agrícolas no mundo. No entanto, seu uso excessivo e indiscriminado tem causado diversos efeitos indesejáveis na fauna e flora local, afetando organismos não-alvos, como polinizadores e inimigos naturais. Diante da grande extensão agrícola do Brasil e do uso frequente de pesticidas pouco seletivos, é fundamental investigar os impactos não-intencionais desses compostos sobre os insetos benéficos. Neste estudo, avaliamos a interação entre a temperatura ótima de colmeia para a Partamona helleri e doses subletais do pesticida ethiprole sobre o comportamento defensivo da abelha africanizada, Apis mellifera. As abelhas foram expostas a uma baixa concentração previamente estipulada do pesticida (CL1 9,4 ×10-5 mg a.i./mL). O experimento foi conduzido em onze tratamento, mantidas a 28°C (sendo a temperatura ótima para colmeias de P. helleri). Estes tratamentos consistiam em usar forrageiras de ambas espécies em diferentes proporções. Os tratamentos consistiram do seguinte desenho experimental: 0A/15P; 3A/15P; 6A/15P; 9A/15P; 12A/15P; 15A/15P; 15A/12P; 15A/9P; 15A/6P; 15A/3P; 15A/0P, sendo os números referente a quantidade de forrageiras, “A” para A. mellifera e “P” para P. helleri. O controle negativo e o controle positivo contaram com uma proporção fixa de 15 abelhas de cada espécie em frascos distintos sem exposição ao inseticida, já os tratamentos expostos ao inseticida possuem uma proporção de 15 abelhas de uma espécie para a proporção crescente da outra. O comportamento defensivo da A. mellifera foi avaliado a sobrevivência a exposição subletal ao inseticida, influência da temperatura desfavorável da colmeia, e diferentes densidades de P. helleri. Mortalidade de ambas as espécies foi avaliada com 1h, 2h, 3h, 6h, 12h e 24h após abelhas serem colocadas na mesma arena. Os resultados demonstraram que não houve diferença significativa na sobrevivência para A. mellifera entre o controle e os outros tratamentos com 15 indivíduos fixos da espécie (15A/nP), mesmo aumentando proporção de indivíduos de P. helleri (P = 0,20). Por outro lado, a análise de sobrevivência para P. helleri entre o controle e os tratamentos indicou redução significativa (P = 0,0066) na presença da A. mellifera com proporção variável (nA/15P). Coletivamente, observou-se A. mellifera apresentou comportamento defensivo e dominância superiores em comparação com a abelha nativa sem ferrão, mesmo quando submetida aos efeitos de doses subletais do inseticida e de temperatura. Com isso, conseguimos confirmar a superioridade da abelha africanizada sobre a abelha nativa, considerando os estresses químicos e de temperatura que agiam sobre ela, mas, ainda afetada sobre o efeito do inseticida, com mortalidade significativa. Isso põe em foco os perigos das espécies introduzidas, que podem afetar grandemente o ecossistema local, além dos efeitos colaterais de inseticidas a organismos não-alvos benéficos. |