| Resumo |
O Trilheiros do Sauá (TS) é um grupo de extensão que realiza trilhas interpretativas relacionadas à educação socioambiental na Mata da Biologia, área protegida da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Além das trilhas, o grupo participa de outras atividades para ampliar a troca de saberes e experiências. Neste trabalho serão apresentados os processos de criação, desenvolvimento e resultados alcançados pelo vídeo da Gameleira, uma intervenção socioeducativa, produzida pelo TS e exposta no Prédio das Licenciaturas da UFV (PLI/UFV). O vídeo compõe a obra “Quem sou eu? Quem é você?”, uma escultura de uma Gameleira (árvore do gênero Ficus) feita em papel machê. Essa intervenção artístico-pedagógica faz parte da exposição “Para todo mundo ver” e representa metaforicamente o processo de formação de professores que ocorre no PLI/UFV. A opção pela representação dessa árvore tem relação com o ponto interpretativo da Gameleira na Trilha do Sauá, na Mata da Biologia. Esse ponto chama atenção dos visitantes, uma vez que a árvore é repleta de simbolismos socioculturais e participa da construção da identidade de diversos povos e culturas. O vídeo produzido traz essa interpretação, valorizando as discussões e trocas de saberes realizadas durante as trilhas. As escolhas das linguagens cinematográfica e visual foram inspiradas na produção “Sumaúma: copa, casa, cosmos”, exposta no Museu do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, na qual a própria árvore assume sua narrativa e descrição. O roteiro apresenta, de forma crítica e reflexiva, aspectos biológicos e culturais, sobretudo as relações com povos indígenas e sua associação ao Orixá Iroko, divindade religiosa cultuada em religiões de matriz africana. Assim como no vídeo da Sumaúma, a Gameleira é personificada em uma voz feminina, fazendo alusão às representações do sagrado e da proteção. Como cenário para gravação foram escolhidas as gameleiras da Mata da Biologia, Mata do Paraíso e Dendrologia. O vídeo é reproduzido constantemente ao lado da escultura e os visitantes são convidados a escrever suas reflexões nas folhas da gameleira. Em novembro de 2024, mês inaugural da exposição "Para todo mundo ver", foram recebidos cerca de 240 visitantes. O vídeo segue atingindo os frequentadores do prédio, uma vez que o número de folhas preenchidas e penduradas na árvore aumentou significativamente desde a inauguração. A produção audiovisual foi divulgada também no Instagram do projeto Trilheiros do Sauá e houve um bom engajamento, com 1.834 visualizações, 10 compartilhamentos, 46 curtidas e nove comentários. O crescente envolvimento com a obra evidencia a importância de intervenções socioeducativas como essas nos ambientes formativos, favorecendo a reflexão, o rompimento de preconceitos e a construção do pensamento crítico. Iniciativas de extensão, como esta, têm elevado valor, já que favorecem a troca de saberes entre sujeitos em formação e sociedade, tornando o processo formativo mais humanizado e coerente. |