| Outros membros |
Ana Ester Martins Oliveira, FABIANA AZEVEDO VOORWALD, Felipe Lopes da Silva, Gabriel Henrique Catenacci Barbosa, Gustavo de Sousa Gomes Moreira, Joseani Leal Basilio, Marilia Damiani Paiva, Rodrigo Brandão Oliveira |
| Resumo |
Osteossarcoma (OSA) é a neoplasia óssea primária mais comum em cães, representando até 80% dos tumores malignos esqueléticos. Embora afete principalmente os ossos longos, a forma axial, especialmente em costelas, apresenta comportamento agressivo e alto potencial metastático. Apesar de mais frequente em cães jovens de médio a grande porte, é rara em animais idosos e de pequeno porte. Assim, objetiva-se relatar um caso OSA costal em um paciente fora do perfil epidemiológico clássico dessa afecção. Trata-se do caso de uma cadela Maltês, de 13 anos, 3,6 kg, atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa (UFV) com histórico de nódulo firme e aderido à oitava costela esquerda, notado há cerca de dois meses. O exame físico revelou mucosas normocoradas, ausculta cardiopulmonar sem alterações dignas de nota e demais parâmetros fisiológicos normais. Exames de imagem (radiografia torácica e ultrassonografia abdominal) não evidenciaram metástases. A citologia por punção aspirativa sugeriu sarcoma. Diante da suspeita de neoplasia maligna, foram realizados exames pré-operatórios, incluindo tomografia computadorizada, hemograma, bioquímica sérica, eletro e ecocardiograma. Optou-se pela ressecção cirúrgica em bloco da costela afetada. Assim, realizou-se a ostectomia dos corpos das 7ª, 8ª e 9ª costelas para a remoção completa da lesão. Para cobertura do defeito torácico, realizou-se uma incisão no diafragma e no peritônio adjacente, permitindo a tração de parte do omento maior. Esse tecido foi então suturado de forma a recobrir e proteger o pulmão, criando uma barreira entre a cavidade torácica e o material protético. Em seguida, uma tela de polipropileno foi posicionada sobre o defeito da parede torácica e fixada à musculatura intercostal e às costelas 6ª e 10ª, com o objetivo de promover o fechamento e a estabilização da região. O tecido ressecado foi encaminhado para exame histopatológico, que revelou osteossarcoma osteoblástico com áreas bem diferenciadas. No pós-operatório imediato, a paciente desenvolveu hemotórax, complicação prevista para o tipo de procedimento realizado, o que exigiu a manutenção de dreno torácico e internação em unidade de terapia intensiva por sete dias. A intercorrência foi prontamente manejada, com boa resposta ao tratamento, permitindo a recuperação clínica e alta hospitalar. A quimioterapia adjuvante é geralmente recomendada em casos de osteossarcoma costal. No entanto, no presente caso, a instituição da quimioterapia não foi indicada devido à idade avançada da paciente, ao padrão histológico bem diferenciado do tumor e, principalmente, à obtenção de margens cirúrgicas livres de neoplasia, fatores que em conjunto indicaram menor risco de recidiva e disseminação. Conclui-se que cada paciente deve ser avaliado de forma individualizada, considerando-se os diagnósticos diferenciais independentemente dos aspectos epidemiológicos das neoplasias, bem como a indicação das terapias adjuvantes. |