| Resumo |
O artigo analisa a bancada evangélica eleita para a Câmara dos Deputados Federais em 2022, buscando traçar seu perfil, trajetórias sociais, atuação e carreira política. Para isso, elaborou-se um banco de dados com os 75 deputados identificados pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) como membros da bancada. Os dados coletados englobaram informações sobre gênero, raça, escolaridade, ocupação, patrimônio, atuação e vertente religiosa, cargos eletivos e posicionamento político em 2023, todos obtidos em fontes como o Tribunal Superior Eleitoral e a Câmara dos Deputados. Ao analisar os resultados, pôde-se observar uma semelhança entre os perfis dos membros da bancada e o perfil dos demais deputados federais brasileiros, porém apontaram para uma diferença significativa em comparação ao perfil geral da população brasileira em termos de gênero, raça e escolaridade, com sub-representação feminina e de pessoas não-brancas, além de hiper-representação de indivíduos com ensino superior. A pesquisa também revelou uma diversificação entre as atividades políticas e as atividades religiosas e empresariais, sugerindo que a entrada na política não implica o abandono de posições sociais anteriores. Ademais, pôde-se observar que a maioria dos membros da bancada (61,33%) possui atividade religiosa divulgada, com destaque aos pastores, bispos, comunicadores e influenciadores, principalmente das Igrejas Assembleia de Deus e Universal do Reino de Deus. Já em relação à atuação econômica, 37,3% dos deputados da bancada evangélica apresentam alguma atividade empresarial, e a bancada, assim como a Câmara em geral, possui uma parcela significativa de membros com patrimônios elevados, incluindo em maior escala indivíduos milionários. Ao abordar as carreiras políticas de seus membros, notou-se que não se distinguem da média dos demais deputados federais, além de que seu posicionamento político enquanto grupo organizado não é homogêneo, sendo o partido de filiação um dos fatores mais determinantes para o apoio ou oposição às pautas propostas pelo governo, até mais do que a vertente religiosa ou igreja do deputado. Conclui-se assim, que o estudo contribui para a análise da relação entre religião e política no cenário brasileiro, apontando para a necessidade de futuras investigações sobre o tema. |