| Resumo |
Esta pesquisa aprofunda o amadurecimento teórico e prático, entre 1945 e 1970, do arquiteto holandês Aldo van Eyck (1918-1999), figura central do Modernismo Tardio e do Team X, analisando sua crítica humanista aos paradigmas hegemônicos do Movimento Moderno. Em oposição ao racionalismo técnico, à padronização abstrata e à insensibilidade contextual promovidas pelo modernismo ortodoxo, Van Eyck propõe uma arquitetura dialética, orientada por valores como a percepção humana, a infância, a comunidade e a reciprocidade, buscando reconciliar opostos como razão e emoção, tradição e modernidade, ou global e local. O objetivo geral é mapear suas aproximações e distanciamentos em relação ao Movimento Moderno, para isso foram feitas análises integrada de cinco obras cruciais: os Playgrounds de Amsterdã (1946–1951), o Orfanato de Amsterdã (1955) e o projeto PREVI em Lima (1970), como exemplos práticos, e os textos teóricos “The Medicine of Reciprocity” (1960–1961) e trechos do livro Aldo van Eyck: Works (1999). A metodologia empregada foi de caráter qualitativo, teórico e exploratório, fundamentada em uma revisão bibliográfica nacional e internacional abrangente (incluindo referências a DoCoMoMo, CIAM e Team 10), análise documental e iconográfica das obras projetuais, e fichamento e tradução de textos, utilizando categorias interpretativas como "crítica interna ao Modernismo" e "teoria-prática". Os resultados preliminares indicam que Van Eyck atua como uma voz dissonante dentro do próprio movimento, oferecendo uma posição híbrida ou alternativa ao cânone moderno, capaz de responder aos questionamentos humanistas e antropológicos e até mesmo às críticas do Pós-Modernismo à visão urbana distorcida e segregacionista modernista. A pesquisa justifica a revalorização de Van Eyck, que permanece sub-representado na historiografia dominante, frequentemente marcada por um viés eurocêntrico e reducionista. Assim, este estudo contribui significativamente para ampliar o repertório teórico-crítico da arquitetura moderna, promovendo uma descolonização da historiografia arquitetônica e estimulando novas discussões sobre a relação entre arquitetura, cidade e sociedade, com relevância para os currículos acadêmicos brasileiros. |