| Resumo |
A crescente presença de gambás (Didelphis sp.) em ambientes urbanos brasileiros tem aumentado a demanda por cuidados clínicos e estratégias de reabilitação nas clínicas veterinárias e Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS). Nesse contexto, esta revisão integrativa teve como objetivo identificar e analisar as principais estratégias clínicas e de manejo adotadas na reabilitação desses marsupiais em ambiente veterinário. Para isso, foram selecionados nove estudos publicados entre 2014 e 2024, incluindo artigos científicos, relatos de caso, dissertações e relatórios de estágio, obtidos nas bases Google Acadêmico, SciELO e PubMed, com os descritores “Didelphis sp.”, “reabilitação”, “tratamento clínico” e “manejo veterinário”. Os dados apontaram que os atendimentos mais comuns envolvem casos de politraumatismo, queimaduras, infecções e cuidados neonatais. Entre as intervenções clínicas, destacaram-se o uso da pele de tilápia como bandagem biológica para queimaduras, com recuperação total em quatro meses, além da aplicação de fitoterápicos e laserterapia, que favoreceram a cicatrização e soltura em menos de 80 dias. Procedimentos cirúrgicos, como a correção de otohematoma por otite fúngica, mostraram-se eficazes quando aliados a antifúngicos tópicos. Filhotes órfãos apresentaram elevada vulnerabilidade, especialmente quando submetidos à nutrição inadequada, evidenciada por casos de hiperparatireoidismo secundário nutricional, revertido com suplementação de cálcio e prevenida com alimentação balanceada de cálcio, fósforo, e vitamina D e ajustes alimentares conforme fase de desenvolvimento. Apesar dos avanços, uma instituição registrou mortalidade neonatal de 72% mesmo com manejo especializado, evidenciando os desafios da criação artificial. Estratégias de enriquecimento ambiental, como quebra-cabeças alimentares, contribuíram para a redução de estresse e comportamentos agressivos. Em contrapartida, casos graves, como fraturas múltiplas sem prognóstico favorável, resultaram em eutanásia. A tríade neonatal (hipotermia, hipoglicemia e desidratação) foi identificada como fator crítico para a sobrevivência dos filhotes. Conclui-se que, embora haja métodos promissores na reabilitação de Didelphis sp., ainda há lacunas na padronização de protocolos clínicos e nutricionais, além de limitações estruturais nos centros de atendimento, o que compromete a taxa de soltura e o sucesso da reabilitação. |