| Resumo |
Introdução: A infecção puerperal é uma das principais causas diretas de mortalidade materna, representando 4,4% dos óbitos no Brasil em 2019. Trata-se de uma infecção do trato reprodutivo que pode surgir do início do trabalho de parto até o 42º dia após o parto. Seus sintomas incluem febre, dor abdominal, secreção purulenta e útero doloroso, podendo evoluir para sepse puerperal, uma condição grave e potencialmente fatal. Outras infecções como mastite e ITU também são relevantes no contexto puerperal. A ocorrência está relacionada à qualidade da assistência prestada, especialmente nas maternidades. Objetivo: Analisar a incidência de infecção puerperal, fatores associados, aspectos assistenciais e implicações para a qualidade do cuidado em mulheres assistidas em uma maternidade da Zona da Mata Mineira. Metodologia: Estudo quantitativo, descritivo e transversal, com 239 puérperas. A coleta de dados ocorreu em dois momentos: na maternidade, por meio de entrevista e análise de prontuários e após 10 a 15 dias após parto, por entrevista telefônica. Utilizou-se o Termômetro da Iniciativa Hospital Amigo da Mulher e da Criança (T-IHAMC) como instrumento. A análise dos dados foi realizada no software SPSS, versão 20.0, com aplicação dos testes de Qui-quadrado de Pearson e Exato de Fisher. Resultados: A maior parte das gestações foi de feto único, a termo, cesariana, todas realizaram pré-natal e majoritariamente financiados pelo SUS. A maioria (91,6%) não apresentou infecção após a alta hospitalar. Entre os casos identificados (8,4%), as infecções mais prevalentes foram na incisão cirúrgica (2,9%) e na episiorrafia (2,5%). Dentre as que desenvolveram infecção, 57,9% receberam visita domiciliar ou compareceram à consulta puerperal (p = 0,037). Apenas uma delas foi totalmente avaliada durante esse atendimento (p = 0,027). Conclusão: A incidência de infecções puerperais identificada, embora relativamente baixa, evidencia a importância de um monitoramento no puerpério. Aponta-se para a necessidade de estratégias voltadas à redução das taxas de cesariana, ao incentivo ao parto vaginal humanizado, à capacitação das equipes para identificar precocemente fatores de risco e à ampliação de ações educativas para gestantes, assegurando o acesso à informação e aos cuidados essenciais durante o puerpério. |