| Resumo |
Os insetos da ordem Trichoptera possuem estreita relação com os substratos de corpos d’água, seja como habitat bentônico associado ao biofilme das rochas na fase larval ou para oviposição na fase adulta. Atualmente, há cerca de 17.300 espécies descritas no mundo, sendo 940 no Brasil, onde desempenham funções ecossistêmicas essenciais, principalmente na teia trófica, devido às suas diversas estratégias alimentares. Esses invertebrados produzem seda, utilizada na construção de redes ou casulos com materiais orgânicos (folhas e madeira) ou grãos minerais coletados e incorporados, servindo para alimentação, defesa e camuflagem. Além disso, muitas espécies enterram-se durante a pupação ou estão associadas a bioturbação de sedimentos. No entanto, mudanças ambientais causadas por atividades humanas, como a expansão da mineração e agropecuária (que alteram a heterogeneidade dos substratos), podem impactar significativamente a história de vida desses organismos. Para esclarecer esses efeitos, experimentos controlados em laboratório são fundamentais, pois permitem avaliar impactos subletais no comportamento e fisiologia dos trichópteros. A literatura global, porém, concentra-se em espécies de ambientes frios, deixando lacunas para regiões tropicais. Neste estudo, mapeamos a quantidade e localização de experimentos com Trichoptera na América do Sul, com ênfase no Brasil. Utilizamos as bases Web of Science, Scopus e SciELO, buscando os termos (Trichoptera OR caddisfl*) AND (experiment* OR cosmos) AND (substrat* OR sediment), filtrando por países sul-americanos. Para o Brasil, identificamos estados, cidades e biomas dos experimentos. A maioria dos experimentos foi realizada no Brasil, no Rio Grande do Sul, com apenas 2 experimentos ocorridos no mesmo corpo d’água. O bioma com mais estudos foi a Mata Atlântica (5), porém com metodologias e espécies variadas, destacando-se substratos orgânicos na avaliação. Há carência de estudos robustos sobre granulometria de sedimentos, limitando a compreensão dos impactos das alterações ambientais nesses organismos. Concluímos que mais testes controlados com Trichoptera beneficiaram a compreensão ecológica dos ecossistemas aquáticos dulcícolas, principalmente sobre a interação física envolvendo grãos minerais, visto que ainda não há uma base consolidada sobre essa dinâmica em solos sul-americanos. |