| Resumo |
INTRODUÇÃO:A temática dos deslocamentos forçados decorrentes de fatores que envolvem a questão ambiental e as mudanças climáticas têm ganhado notoriedade na comunidade internacional, diante das consequências envoltas entre as mudanças climáticas, o meio ambiente e os deslocamentos humanos. Os efeitos dessas mudanças climáticas se expressam por meio das secas, inundações, terremotos, ciclones, enchentes, erosões, desabamentos, mudanças repentinas de clima e entre outros fatores, principalmente nos países em desenvolvimento. Nesse contexto, é fundamental evidenciar as causas e consequências da degradação ambiental a partir de uma perspectiva macroestrutural da sociedade, que possibilite uma compreensão ampla, considerando os aspectos econômicos e políticos. Também se faz necessária a análise desses efeitos no contexto da supremacia do capital, em que os impactos sobre os migrantes ambientais se tornam ainda mais severos, além da investigação sobre a existência de um sistema jurídico internacional capaz de garantir a proteção das vítimas de desastres ambientais provocados pelas mudanças climáticas.OBJETIVO: O presente estudo buscou compreender os deslocamentos forçados por razões ambientais e a proteção jurídica dos migrantes ambientais à luz da supremacia do capital. MÉTODO: Trata-se de uma análise crítica fundamentada em uma revisão bibliográfica, sob contribuições de autores que abordam os deslocamentos forçados, mudanças climáticas, a supremacia do capital e a proteção dos migrantes ambientais. RESULTADOS: Foi possível identificar a ausência de reconhecimento legal e proteção jurídica específica para a categoria de pessoas deslocadas por causas ambientais implicando na privação de uma gama de direitos. Notou-se que o contexto dos deslocamentos ambientais está intrinsecamente ligado à supremacia do capital, onde a lógica da acumulação e maximização de lucros inerente ao sistema capitalista se relaciona com as mudanças climáticas e a produção de fluxos migratórios. Pessoas forçadas a se deslocar por desastres naturais, entre outras causas, frequentemente lidam com o estigma da rejeição e da pobreza, assim, atingidos pelos impactos das mudanças climáticas e desigualdades socioeconômicas enfrentam o desafio adicional de serem percebidos e tratados como "estranhos" indesejáveis. Ademais, diante do crescente número de deslocados ambientais, a definição de "refugiado" constante na Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951 demonstra ser insuficiente para abranger essa realidade. Embora iniciativas como o Plano Estratégico do ACNUR para Ação Climática e o Pacto Global para a Migração tenham surgido para adaptar ferramentas existentes em vez de criar um novo status legal, e a litigância climática surja como ferramenta para buscar justiça e responsabilização, a migração ambiental é um fenômeno complexo e multifacetado que exige uma resposta global coordenada, dada sua indeterminação conceitual e escala crescente. |