| Resumo |
A família de genes CETS inclui TERMINAL FLOWER 1 (TFL1) de Arabidopsis thaliana e SELF PRUNING (SP) de tomate (Solanum lycopersicum). Esses genes codificam proteínas de ligação à fosfatidiletanolamina que regulam a floração, influenciando significativamente a arquitetura das plantas. Em tomate, foram identificados 12 parálogos de SP, entre os quais SP3C, um repressor da floração, foi associado a uma maior tolerância ao estresse hídrico. Realizamos uma expressão heteróloga de SP3C em Arabidopsis com o objetivo de obter novas perspectivas sobre sua função pleiotrópica. Clonamos o gene SP3C a partir de plantas de tomate e o introduzimos em Arabidopsis (Col-0) por meio do método floral dip, utilizando um vetor de superexpressão com resistência à canamicina. As plantas foram selecionadas in vitro com canamicina (100 µg/ml) até obtermos linhas homozigotas. Plantas T4 foram cultivadas em substrato sob condições de dia curto (DC) e dia longo (DL), registrando-se o tempo de floração, área da roseta e distribuição de biomassa. Realizamos um tratamento de seca severa em plantas jovens, suspendendo a irrigação por 10 dias sob condições de DC, e analisamos o perfil metabólico das rosetas. Observamos que a superexpressão de SP3C reprime a floração de Arabidopsis de forma dependente do fotoperíodo. As linhas de superexpressão apresentaram um atraso significativo na floração em DC em relação às linhas Col-0, com maior incremento na área de rosetas. Além disso, foi observado maior alocação de biomassa nas raízes e rosetas. Entretanto, sob condições de DL, não foram observadas diferenças significativas entre os genótipos. Em condições de seca severa (25% TRA), a superexpressão de SP3C afetou significativamente o metabolismo de carboidratos na roseta. Nas linhas de superexpressão, os níveis de amido aumentaram e a concentração de sacarose diminuiu, enquanto nas rosetas de Col-0 observou-se um comportamento oposto, com aumento da sacarose e diminuição do amido. Essa diminuição na sacarose das linhas de superexpressão foi acompanhada de um maior acúmulo de prolina em condição de seca, possivelmente pela necessidade de manter o potencial osmótico na falta de sacarose. Em conjunto, esses resultados confirmam o papel repressor de SP3C na floração, sugerindo que ele atua de forma dependente do fotoperíodo e que pode regular o desenvolvimento integrando sinais de estresse hídrico no processo da floração, influenciando a tolerância à seca. |