| Resumo |
A construção civil figura entre as atividades humanas que mais consomem recursos naturais e geram resíduos sólidos, muitos deles de difícil processamento e baixa reciclabilidade. Frente a esse cenário, práticas que busquem minimizar esses impactos tornam-se urgentes. Entre elas, destaca-se a requalificação de edificações existentes, proposta que articula preservação ambiental e responsabilidade social. Desde a década de 1950, a preocupação ambiental vem se intensificando, tendo como marco global o Relatório Brundtland (1987), que consolidou o conceito de sustentabilidade. Paralelamente, autores como Jane Jacobs já defendiam o reaproveitamento de estruturas urbanas como meio de manter a vitalidade e a história das cidades. Este trabalho tem como objetivo evidenciar o potencial do reaproveitamento de edificações como estratégia sustentável, tanto pela mitigação dos impactos ambientais causados pela indústria da construção civil, quanto pela preservação da memória coletiva e valorização do patrimônio cultural urbano. A pesquisa adota abordagem qualitativa e caráter exploratório, com base em levantamento bibliográfico. O estudo utiliza como referencial a metodologia do Triple Bottom Line, estabelecido pelo empresário britânico John Elkington em 1994, que integra os pilares ambiental, social e econômico da sustentabilidade. A requalificação de edificações demonstra ser uma alternativa concreta à lógica demolitória ainda predominante no setor da construção. Essa prática contribui para a significativa redução na geração de resíduos — muitos deles não reaproveitáveis — e promove a valorização da identidade local por meio da preservação de bens construídos que compõem a memória coletiva das comunidades. Além disso, práticas sustentáveis associadas ao reaproveitamento de edificações encontram respaldo técnico e ético na metodologia do Triple Bottom Line, ao considerar simultaneamente os benefícios ambientais, sociais e econômicos dessa escolha. A reutilização de edificações preexistentes deve ser vista não apenas como uma escolha técnica, mas como uma postura ética frente aos desafios ambientais e sociais contemporâneos. Ao evitar a produção de resíduos de difícil destinação e ao fortalecer os vínculos afetivos e históricos com o território, essa estratégia se alinha plenamente às diretrizes do desenvolvimento sustentável e reforça o papel social da Arquitetura e da Engenharia na construção de cidades mais conscientes e resilientes. |