| Resumo |
Dentre as infecções virais com impacto na saúde pública global, as arboviroses ganham bastante destaque, emergindo especialmente em regiões tropicais e subtropicais nas quais as condições climáticas favorecem a proliferação de seus vetores. Segundo a OMS, a dengue é a arbovirose aguda com maior incidência no mundo e, além disso, dados mostram que, entre 2014 e 2023, foram registradas pelo menos 6.190 mortes causadas pela dengue apenas no Brasil. Esses dados reforçam a necessidade de ações e estudos a respeito dos fatores que influenciam a propagação dessa doença. Comumente, na literatura, são analisadas variáveis ambientais e socioeconômicas, porém, há evidências de que a mobilidade geográfica humana também exerce influências na propagação das infecções. Neste trabalho, o modelo epidemiológico compartimental SIR-SI (Suscetível-Infectado-Recuperado + Suscetível-Infectado) é utilizado para simulações computacionais da dinâmica de transmissão dessas doenças, a fim de se observar o efeito, segundo o modelo, da mobilidade humana (como fluxos de pessoas entre cidades ou bairros). Essa modelagem nos permite estimar a disseminação dessas doenças pois, através dela, é possível representar as interações entre populações humanas e de vetores. O estudo é realizado através de simulações em metapopulações sintéticas, adotando um sistema que envolve um pequeno número de locais, observando assim a dinâmica de transmissão com base em fatores climáticos e na população de vetores de cada local, assim como na proporção de pessoas que se movem entre eles. Para as simulações, métodos desenvolvidos na linguagem de programação Fortran são utilizados. Espera-se incluir dados reais para tais simulações, como dados sobre a dinâmica de transmissão da dengue em grandes centros urbanos do Brasil. Além disso, também é visado o tratamento do sistema de metapopulações como uma rede complexa, analisando-se uma rede composta de espaços geográficos, em que os vértices representam diferentes núcleos desses espaços, como cidades ou bairros, e as arestas representam o fluxo de humanos entre um espaço e outro, sendo considerados vizinhos os espaços que recebem um certo fluxo de pessoas proveniente de algum outro. Resultados iniciais mostram que o aumento da taxa de vetores por habitante impulsiona a proliferação das infecções. Ao tratarmos de metapopulações compostas de duas regiões, foi observado que a variação dos parâmetros citados, assim como o aumento da mobilidade humana entre as regiões, tem efeito também na proliferação da doença de uma região para outra, afetando bruscamente a população de humanos infectados, o que evidencia o efeito da mobilidade humana na dinâmica de transmissão. Foi observado, por exemplo, que ao termos mais pessoas se deslocando de certo local, há um aumento no número de pessoas infectadas em seu local de origem. Pretendemos expandir a rede de metapopulações para análise mais profunda do impacto da mobilidade e outros fatores no modelo estudado. |