| Resumo |
Atendimentos emergenciais são frequentes na rotina de clínicas e hospitais veterinários, exigindo decisões rápidas e precisas. Estudos epidemiológicos voltados à medicina de emergência são fundamentais, pois contribuem para a melhoria da triagem, identificação precoce de quadros críticos e formação de profissionais capacitados. Apesar disso, ainda são escassas as publicações na Medicina Veterinária que abordam esse tema. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo avaliar parâmetros hematológicos e bioquímicos séricos em pacientes triados como emergenciais no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa. Entre setembro de 2024 e julho de 2025, foram coletados exames de 179 pacientes, incluindo animais atendidos na emergência e aqueles encaminhados para cirurgias eletivas, que constituíram o grupo controle. Os resultados foram organizados de acordo com o motivo do atendimento, sendo estabelecidos quatro grupos para cães (G1-controle, G2-trauma, G3-infeccioso e G4-outros) e quatro para gatos (G1-controle, G2-trauma, G3-enfermidade do trato urinário e G4-outros). Os dados foram analisados por estatística descritiva (média ± desvio-padrão) e inferencial. A normalidade foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk. Para comparação entre grupos, utilizou-se ANOVA one-way seguida de teste post hoc de Tukey, com nível de significância estabelecido em 5% (p < 0,05). As análises foram realizadas no software JASP (v. 0.19.3). Em cães, houve diferenças significativas nos níveis de albumina, eritrócitos, hematócrito e hemoglobina entre o grupo controle e os grupos G2, G3 e G4. O volume corpuscular médio (VCM) do grupo G3 diferiu dos grupos G1, G2 e G4, enquanto a relação albumina/globulina do G1 apresentou diferença em relação aos grupos G3 e G4. Os valores de eosinófilos do grupo G2 foram diferentes dos grupos G3 e G4, e os segmentados diferiram entre os grupos G1 e G4. Em gatos, a albumina diferiu entre G1 e G4, e a globulina entre G1 e G3. A relação albumina/globulina apresentou diferenças entre G1 e G2, e entre G3 e G4. Os níveis de creatinina e ureia do grupo G3 foram diferentes dos grupos G1, G2 e G4. A fosfatase alcalina (FA) apresentou variações entre o grupo controle e os grupos G2, G3 e G4. Diferenças nos eritrócitos foram observadas entre G1 e G2, G1 e G4, e entre G3 e G4, enquanto o hematócrito variou entre G1 e G4, e G3 e G4. Por fim, o VCM diferiu entre o grupo G4 e os grupos G1 e G3. Conclui-se que os animais atendidos emergencialmente apresentam alterações relevantes nos exames laboratoriais, sobretudo em parâmetros hematológicos e bioquímicos, o que reforça a importância da triagem laboratorial no contexto emergencial, auxiliando na avaliação clínica e contribuindo para decisões terapêuticas mais precisas. Além disso, os dados obtidos ampliam a compreensão do perfil clínico de animais em situações críticas, evidenciando a necessidade de mais estudos voltados à medicina de emergência no âmbito da Medicina Veterinária. |