| Resumo |
A conectividade tem se mostrado um fator crucial para o desenvolvimento da cafeicultura brasileira, um setor de destaque internacional. Este estudo fruto do convênio entre a equipe AgroPlus da Universidade Federal de Viçosa e a Rede ConectarAGRO, apresenta um mapeamento da conectividade nas lavouras de café no Brasil, avaliando o acesso a redes 4G e 5G em todo o território nacional. A pesquisa utilizou dados de bases públicas como o MapBiomas (mapeamento das áreas de café), Anatel (cobertura móvel), IBGE (delimitação de municípios e estados), PAM (dados de produtividade agrícola) e SICAR (limites das propriedades rurais). A metodologia de geoprocessamento envolveu a identificação e vetorização das áreas cafeeiras a partir de imagens de satélite do MapBiomas (Coleção 9). Essas áreas foram então processadas em softwares de Sistema de Informação Geográfica (SIG), como o QGIS. Dados de cobertura móvel 4G e 5G da Anatel foram integrados, e a análise de sobreposição espacial foi realizada pela intersecção das camadas vetoriais das áreas de café e da cobertura móvel, identificando áreas com conectividade. O percentual da área de café conectada em relação à área total de café por município foi calculado. Os resultados revelam que, da área total de 1.270 milhões de hectares destinada à cultura do café no Brasil, 876.653 hectares (69,0%) possuem conexão móvel 4G ou 5G. No entanto, existem disparidades significativas entre os estados. Minas Gerais, o maior produtor, tem 67,8% de conectividade, Espírito Santo (79,5%), Paraná (81,8%) e São Paulo (76,3%) apresentam índices mais elevados. A Bahia (40,7%) e Goiás (10,5%) mostram os menores percentuais de conexão. Essa disparidade está relacionada a fatores como topografia, tamanho das propriedades e investimentos em infraestrutura. A importância da internet em áreas cafeeiras é fundamental para a agricultura 4.0, otimizando a gestão da lavoura, irrigação de precisão, monitoramento climático e controle fitossanitário. Municípios com maior acesso à conectividade, como Monte Carmelo (MG) com 81,9% de conexão e 42 sc/ha de produtividade, e Sooretama (ES) com 100% de conectividade e 45 sc/ha, mostram desempenho produtivo superior. Por outro lado, municípios com baixa conectividade, como São Desidério (BA) com apenas 9,7% de cobertura em uma área altamente mecanizada, e Serra do Salitre (MG) com 23% de conectividade sugerem que a falta de infraestrutura digital pode ser um entrave para a adoção de boas práticas e tecnologias modernas. A conectividade também é vital para atender a regulamentações internacionais, como o regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), que exige comprovações de origem sustentável. Os resultados reforçam a urgência de investimentos em infraestrutura digital e políticas públicas para ampliar a conectividade rural, visando maior eficiência, rastreabilidade, sustentabilidade e competitividade da cafeicultura brasileira no cenário global. |