| Resumo |
A presença de grandes empreendimentos minerários tem provocado impactos profundos nos modos de vida, nas paisagens e nas organizações comunitárias do entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, em Minas Gerais. Diante disso, este trabalho de extensão tem como objetivo visibilizar e fortalecer a atuação das mulheres no enfrentamento à mineração nas comunidades de Mendes, Graminha e Carangolinha de Cima. A partir de visitas articuladas com outras organizações da sociedade civil, ações e projetos extensionistas, foram e estão sendo realizadas rodas de conversa, oficinas, reuniões e observações participativas, que permitem conhecer os modos como as mulheres dessas localidades têm resistido à lógica destrutiva da mineração e construído alternativas baseadas na agroecologia, no cuidado com os bens comuns e na defesa dos seus territórios. As mulheres acompanhadas neste processo produzem alimentos saudáveis sem uso de venenos, trocam saberes sobre sementes crioulas, promovem o uso de plantas medicinais e mantêm viva a cultura local. Além disso, são parte ativa da Comissão Regional de Enfrentamento à Mineração, articulando ações políticas, organizando encontros e mobilizando os demais moradores para refletirem coletivamente sobre os riscos da exploração mineral e sobre a necessidade de defender a água, as nascentes e a autonomia dos modos de vida camponeses. Ao longo das vivências e trocas com essas mulheres, foi possível compreender que seu protagonismo ultrapassa o campo da produção, adentrando o território da resistência política, do cuidado coletivo e da construção de um projeto de bem viver. Os principais aprendizados resultam da escuta atenta e da convivência com práticas que articulam trabalho, espiritualidade, luta e afetos, revelando uma força coletiva que enfrenta as opressões de gênero, classe, raça e território. Este trabalho reafirma a importância da extensão universitária como ponte entre saberes acadêmicos e populares, permitindo que experiências como essas inspirem outros territórios ameaçados, contribuam para a formação crítica de estudantes e apoiem processos de mobilização e emancipação das comunidades atingidas e ameaçadas pela mineração. |