| Resumo |
A cafeicultura representa importante papel na economia mineira e nacional, com muitas das áreas de cultivo em regiões de montanha. Por sua vez, essas regiões impõem grandes desafios a mecanização e a conservação do solo. Diante do cenário global de mudanças climáticas, a agricultura de montanha apresenta os desafios de manter/elevar a produtividade, ser sustentável e mitigar as emissões de gases do efeito estufa (GEE). Assim, a adoção de práticas mecânicas (ex: confecção de terraços) e vegetativas (uso de plantas de cobertura) na agricultura de montanha apresenta grande potencial em reduzir as emissões de GEE. No entanto, a adubação nitrogenada ainda representa o principal agente emissor de N2O, o qual possui um elevado potencial de aquecimento da atmosfera. Apesar disso, ainda são escassos os estudos que quantificam as emissões de N2O a curto prazo após a adubação nitrogenada em cafeicultura terraceada com plantas de cobertura. O objetivo do estudo foi avaliar os fluxos de N2O pós adubação nitrogenada em cafezais terraceados com diferentes plantas de cobertura nas entrelinhas. O experimento foi conduzido na UEPE Solos (Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão do Departamento de Solos) da Universidade Federal de Viçosa, em delineamento de parcelas subdivididas com três repetições. As parcelas principais foram compostas por três tipos de cobertura: plantas espontâneas (E), braquiária (Brachiaria ruziziensis - B) e amendoim forrageiro (Arachis pintoi - AF). Em cada parcela, foram avaliadas duas subparcelas com doses de N-Ureia: 0 e 150 kg ha⁻¹. As emissões de N2O foram monitoradas exclusivamente na linha de plantio, em três períodos: 3, 10 e 15 dias após a adubação. Utilizaram-se câmaras estáticas de PVC (15 cm de diâmetro × 15 cm de altura), instaladas a 5 cm de profundidade. A coleta foi realizada com seringas em quatro tempos (0, 5, 10 e 20 min) e as amostras analisadas em cromatógrafo gasoso acoplado a espectrômetro de massas (GC-MS). Os cafezais com amendoimforrageiro, adubado com 150 kg ha⁻¹ de N apresentou os maiores fluxos de N2O aos 3, 10 e 15 dias pós adubação, com pico aos 3 dias e redução gradual nos períodos seguintes. Embora os fluxos de N2O tenham diminuído, esses cafezais mantiveram níveis elevados até os 15 dias. Na adubação com 150 kg ha⁻¹ de N exclusivamente, o Amendoim forrageiro apresentou emissões pelo menos 30 % superiores à Braquiária, e atingiu diferenças de até 246 % em relação a área com plantas espontâneas, dependendo do período avaliado. Por sua vez, cafezais, em geral sem adubação nitrogenada apresentaram emissões consideravelmente mais baixas e semelhantes entre si, sugerindo que o N mineral foi o principal impulsionador das perdas de N2O no sistema. Os resultados indicam que a interação entre N-Ureia e leguminosa de cobertura promove aumento expressivo nas emissões de N2O , com efeito acentuado nas primeiras 72 horas e ainda detectável após duas semanas. |