| Resumo |
O alpiste (Phalaris canariensis L.) é um cereal com composição nutricional promissora, especialmente pelos teores expressivos de proteínas e lipídios. Além disso, destaca-se por sua elevada adaptabilidade a regiões áridas e solos de baixa fertilidade. Apesar de seu potencial, no Brasil o alpiste ainda é majoritariamente destinado à alimentação animal, sendo subutilizado na alimentação humana. Com o aumento da demanda por ingredientes alimentares alternativos, acessíveis e sustentáveis, impulsionada pelo crescimento populacional e pela busca por segurança alimentar, o alpiste surge como uma opção viável para aplicação em produtos alimentícios. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar as propriedades técnico-funcionais e o potencial bioativo da farinha de alpiste. Para isso, as sementes foram adquiridas no comércio local da cidade de Viçosa-MG, trituradas em liquidificador industrial a 18.000 rpm por 2 min e posteriormente submetidas às análises de capacidade de retenção de água (CRA), capacidade de retenção de óleo (CRO), capacidade de formação de espuma (CFE), teor de compostos fenólicos totais (CFT) e atividade antioxidante in vitro por meio do radical ABTS. Todas as análises foram realizadas em 3 repetições, com os resultados expressos como média ± desvio padrão. A CRA foi de 4,37 ± 1,38 g de água/g de farinha, possivelmente atribuída à presença de fibras no pericarpo e à natureza hidrofílica das proteínas, conferida pelos grupos hidroxila livres. A CRO foi de 1,72 ± 0,43 g de óleo/g de farinha, valor compatível com a menor afinidade da matriz proteica por lipídios, refletindo também na CFE observada, de 19,19 ± 0,63%. Quanto ao potencial bioativo, a farinha apresentou 168,04 ± 18,21 mg de equivalentes de ácido gálico/100 g (base seca) de CFT e atividade antioxidante para radical ABTS de 185,89 ± 15,05 µmol de trolox/100 g (base seca). Esses resultados evidenciam que a farinha de alpiste apresenta características tecnológicas relevantes e compostos bioativos com potencial antioxidante, sendo promissora como ingrediente funcional em formulações alimentícias. Sua inclusão pode agregar valor nutricional, favorecer a sustentabilidade e contribuir para a diversificação de fontes alimentares voltadas à segurança alimentar. |