| Resumo |
Introdução: Os escorpiões são animais peçonhentos que possuem estruturas inoculadoras para injetar toxinas, visando defesa ou caça. Eles estão distribuídos, sobretudo, em regiões tropicais e subtropicais, sendo responsáveis por causar acidentes de importância no âmbito da saúde pública em Minas Gerais (MG). Objetivos: Descrever o perfil epidemiológico da ocorrência de acidentes escorpiônicos em MG, nos anos de 2023 e 2024. Metodologia: Estudo descritivo quantitativo, feito a partir da base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Foi analisado o perfil epidemiológico, de acordo com a macrorregião de saúde de ocorrência, evolução do caso, tempo picada/atendimento, mês do ano, faixa etária, sexo e raça do indivíduo acometido. Resultados: Nos anos de 2023 e 2024 foram notificados 110.848 acidentes com animais peçonhentos em MG, sendo 76.382 (68,91%) causados por escorpiões. Em 2023, ocorreram 38.784 acidentes escorpiônicos e 37.598 casos em 2024, uma redução de 3,06%. Durante esse período, os meses com maior número de acidentes foram outubro (n=7.571) e novembro (n=8.264) e os com menos casos foram abril (n=5.239) e junho (n=5.176). A macrorregião de saúde com maior ocorrência foi a Norte (n=17.724), seguida pelo Centro (n=9.515) e Nordeste (n=7.217), enquanto as menos afetadas foram o Centro Sul (n=309), Extremo Sul (n=1.078) e Sul (n=1.443). Os indivíduos mais acometidos eram do sexo masculino (52,38%, n=40.006), a maioria declararou-se da raça parda (58,79%, n=44.908), seguida da raça branca (26,01%, n=19.869). A faixa etária de 40 a 59 anos foi a mais atingida (29,38%, n=22.441, letalidade=0,16%), seguida da faixa de 20 a 39 anos (26,86%, n=20.513, letalidade=0,14%). Os acidentes cursaram em cura em 72.673 (95,14%) indivíduos, enquanto 124 (0,16%) casos evoluíram para óbito pelo agravo notificado. Pacientes menores que 1 ano de idade e entre 1 a 4 anos de idade apresentaram maior letalidade, 0,26% e 0,41% respectivamente, quando comparados com as faixas etárias supracitadas, apesar de serem menos atingidas pelos acidentes escorpiônicos. Os pacientes que foram atendidos entre 0 e 3 horas após o acidente apresentaram menor taxa de letalidade (0,15%) quando comparado com a letalidade dos atendimentos realizados após 3 horas desde o ocorrido. Conclusões: É possível traçar um perfil epidemiológico dos acidentes escorpiônicos que, apesar de apresentarem baixa letalidade, são os principais causadores de agravos relacionados aos acidentes por animais peçonhentos em Minas Gerais. A população em faixa etária pediátrica, principalmente os menores de 1 ano até os 4 anos de idade, apresentam maior tendência de evoluírem para óbito. Em contrapartida, aqueles pacientes que são atendidos em até 3 horas após o acidente possuem menores taxas de letalidade. Tal observação ressalta a importância da prevenção desses acidentes e do rápido acesso ao sistema de saúde, com diagnóstico precoce e terapêutica adequada, a fim de evitar agravos. |