| Resumo |
Phthorimaea absoluta (Meyrick) (= Tuta absoluta), conhecida como traça-do-tomateiro, é uma das principais pragas do tomateiro em escala global. Seu controle representa um grande desafio para a agricultura, sendo predominantemente realizado por meio do uso de inseticidas. No entanto, falhas frequentes no controle químico têm sido relatadas, especialmente com o uso de inseticidas do grupo das avermectina. Diante desse cenário, o presente estudo teve como objetivo avaliar a distribuição de falhas de controle de P. absoluta por avermectinas no mundo, entre os anos de 1980 a 2025. Para isso, foi realizado uma revisão sistemática, seguida de uma metanálise para quantificar e compreender a distribuição desses eventos ao longo do tempo e em diferentes regiões do mundo. A revisão foi conduzida conforme as diretrizes PRISMA, com buscas em bases de dados científicas utilizando uma heurística abrangente e triagem auxiliada por aprendizado de máquina (ASReview). Foram triados 33 artigos relacionados as análises de falhas de controle e eficiência de avermectinas, totalizando 200 ensaios. Desses, 26 artigos foram incluídos na análise qualitativa, totalizando 116 ensaios distintos. Considerou-se falha de controle, os casos em que a mortalidade da praga foi inferior a 80%. Os dados revelaram que o continente europeu foi o que mais estudou sobre a falhas de controle durante as décadas (100 ensaios), seguido da Ásia (49) e da América (42). Os primeiros estudos concentraram-se na América, com destaque entre 1980 e 2000. Posteriormente, a Europa se destacou na década de 2010, e a Ásia tem liderado número de estudos na década de 2020. A África apresentou registros pontuais, com atividades em 2010 e 2020. A análise mostrou alta heterogeneidade nas falhas de controle entre continentes e anos (I² = 99,7%, p < 0,001). As proporções variaram de 0,00 a 0,85. O efeito geral estimado pelo modelo de efeitos fixos indicou uma probabilidade global de falha de controle de 58% (proporção = 0,58; k = 29; P < 0,001), evidenciando a instabilidade da eficácia das espinosinas no manejo da praga nos continentes durante as décadas. Houve um contraste significativo na América na década de 2020, onde não foram registradas falhas (0,00; IC95%: 0,00 - 0,26), contrastando com a alta proporção observada na América em 2000 (0,85; IC95%: 0,82 - 0,88). De modo semelhante, a Europa apresentou queda na proporção de falhas ao longo das décadas: de 0,77 em 2000 para 0,62 em 2010. Em regiões africanas, observou-se uma proporção baixa em 2010 (0,10; IC95%: 0,08 - 0,11), com um leve aumento em 2020 (0,45; IC95%: 0,40–0,50). Na Ásia, a proporção também variou, com valores de 0,72 em 2010 e 0,49 em 2020. Assim, a alta heterogeneidade dos dados reforça a importância de estratégias regionais e de programas contínuos de monitoramento da resistência para um manejo mais eficaz e sustentável da traça-do-tomateiro. |