| Resumo |
A traça-do-tomateiro Phthorimaea absoluta (Meyrick) (= Tuta absoluta) é uma das principais pragas do tomateiro em escala global. Seu controle é desafiador, devido as larvas do inseto construir galerias nas folhas da planta de tomate. O principal método de controle deste inseto é o químico. No entanto, relatos de falhas de controle por esses produtos têm sido frequentes. Um grupo de inseticidas que vem apresentando essa característica é o grupo das benzolureias. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão sistemática da literatura sobre falhas de controle de P. absoluta por benzolureias, entre as décadas de 1980 a 2020, seguida de uma metanálise para quantificar e compreender a distribuição desses eventos ao longo do tempo e em diferentes regiões do mundo. A revisão foi conduzida conforme as diretrizes PRISMA, com buscas em bases de dados científicas utilizando uma heurística abrangente e triagem auxiliada por aprendizado de máquina (ASReview). Foram triados 14 artigos relacionados a analises de falhas de controle e eficiência de benzolureias, totalizando 145 ensaios. Foram incluídos 8 artigos na análise qualitativa, totalizando 106 ensaios distintos. Considerou-se falha de controle os casos em que a mortalidade da praga foi inferior a 80%. Os dados revelaram que a América apresentou mais estudou sobre a falhas de controle durante as décadas (136 ensaios), seguido da Europa (5) e da África (4). Os primeiros estudos concentraram-se na América, com destaque entre 2010 e 2020; posteriormente, a Europa se destacou na década de 2000 e 2010. A África apresentou registros pontuais, com atividades em 2010. A análise mostrou alta heterogeneidade nas falhas de controle entre continentes e anos (I² = 99,7%, p < 0,001). As proporções variaram de 0,19 a 0,62. O efeito geral estimado pelo modelo de efeitos fixos indicou uma probabilidade global de falha de controle de 61% (proporção = 0,61; k = 106; P < 0,001), evidenciando a instabilidade da eficácia das benzolureias no manejo da praga nos continentes durante as décadas. Na América na década de 2000, foram registradas baixas proporções de falhas (0,19; IC95%: 0,17–0,21), contrastando com a alta proporção observada em 2010 (0,63; IC95%: 0,62–0,63). A Europa apresentou alta proporção de falhas de controle na década de 2000 de 0,99. Em regiões africanas, observou-se uma proporção de 0,62 no ano de 2010. Assim, a alta heterogeneidade dos dados reforça a importância de estratégias regionais e de programas contínuos de monitoramento da resistência para um manejo mais eficaz e sustentável. |