| Resumo |
Esta trabalho investiga como as vivências avaliativas se entrelaçam às histórias de vida de professores de Química do Ensino Médio de um Colégio de Aplicação de Minas Gerais, buscando compreender as influências dos contextos familiares, formativos e socioprofissionais na constituição de suas concepções e práticas avaliativas. A pesquisa insere-se no campo da Educação em Ciências e adota uma abordagem qualitativo-fenomenológica, utilizando a Análise Textual Discursiva (ATD) como metodologia de interpretação dos dados produzidos a partir de entrevistas semiestruturadas com docentes e da análise de produções acadêmicas de eventos da área entre 2014 e 2024. Parte-se da premissa de que a avaliação não pode ser compreendida isoladamente como um ato técnico, mas como um fenômeno subjetivo, relacional e profundamente atravessado pelas experiências vividas ao longo da trajetória pessoal e profissional dos sujeitos. As concepções de avaliação que os professores manifestam são analisadas em diálogo com influências da escolarização básica, da formação inicial, da cultura familiar e das experiências no exercício da docência, revelando como essas dimensões produzem sentidos e práticas diversas sobre o avaliar. Os resultados indicam que, embora haja uma intenção crescente de adotar práticas avaliativas formativas e dialógicas, a presença de concepções tradicionais, classificatórias e positivistas ainda é significativa, muitas vezes reproduzida de forma não intencional a partir de experiências avaliativas vivenciadas na própria formação. A escassez de discussões críticas sobre avaliação nos cursos de licenciatura em Química é apontada como um dos fatores que contribuem para essa permanência, ao lado da influência de expectativas familiares e das condições socioprofissionais enfrentadas no cotidiano escolar. Ao considerar as trajetórias de vida como recurso epistemológico e metodológico, a pesquisa amplia o entendimento sobre a gênese das práticas avaliativas, valorizando os saberes experienciais e os modos como os professores ressignificam suas vivências em contextos complexos e desafiadores. Conclui-se que a escuta atenta às narrativas docentes é um caminho promissor para a construção de processos avaliativos mais humanizados, contextualizados e comprometidos com a emancipação dos sujeitos. A pesquisa aponta, assim, para a necessidade de uma formação docente que considere a avaliação como dimensão ética, política e social, em estreita articulação com a história de vida dos educadores e com os contextos em que atuam. |