| Resumo |
O ameloblastoma acantomatoso é um tumor odontogênico benigno, mas localmente agressivo e a ressecção cirúrgica é o tratamento de eleição. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa, um paciente canino Shih-Tzu, 5 anos de idade, não castrado, domiciliado, apresentando lesão nodular em periodonto próxima ao canino superior direito, de aproximadamente 3 centímetros, com superfície irregular. Na radiografia da maxila foi observado aumento de volume de tecidos moles entre segundo e terceiro dentes incisivos superiores direito, com acentuada lise óssea com destruição de cortical de osso incisivo, maxilar direito e esquerdo, septo nasal e osso vômer rostral. O terceiro incisivo superior estava deslocado caudalmente com lise circunscrita bem delimitada no interior e o primeiro e segundo incisivos superiores deslocados craniomedialmente. Margens e radiopacidade óssea de arcos zigomáticos, osso frontal, mandibular e articulações temporomandibulares preservados. Devido a suspeita de processo neoplásico, foi iniciado estadiamento oncológico com realização de ultrassonografia abdominal e radiografias torácicas, não sendo observada evidência de metástase. O paciente foi então submetido a biópsia incisional, tendo como resultado histopatológico ameloblastoma acantomatoso. Clinicamente, esses tumores são caracterizados por crescimento rápido, infiltração invasiva e recorrências repetidas após remoção incompleta. Sendo assim, o paciente foi submetido a procedimento cirúrgico para realização de hemimaxilectomia rostral bilateral, devido a extensão da lesão e invasão óssea. Foi realizada a ressecção com serra oscilatória da região rostral ao canino superior esquerdo e primeiro pré-molar superior direito e sutura da mucosa oral com o palato duro, em padrão simples separado, com fio absorvível. Não houveram intercorrências cirúrgicas, com bom resultado estético. No pós operatório imediato o animal se alimentou de dieta líquida gelada de forma voluntária. Após cerca de uma semana, o paciente apresentou 1cm de deiscência de sutura em região rostral direita, mas como não haviam alterações clínicas, foi prolongado o período da administração da antibioticoterapia e limpeza tópica com antisséptico oral. No retorno pós operatório tardio, após cerca de dois meses, o paciente apresentava fístula oro-nasal direita de 1cm, sendo anestesiado para realização de escarificação e sutura com pontos simples isolados com fio absorvível, apresentando boa cicatrização. Em exame radiográfico da região maxilar para follow-up, não haviam lesões ósseas compatíveis com recidiva da neoplasia. Conclui-se que a maxilectomia, apesar de ser um procedimento invasivo e que pode ser de difícil aceitação para o tutor, pode ser realizada de forma estética, resultando em boa qualidade de vida pós cirúrgica e aumentando a sobrevida do paciente. |