| Resumo |
A ocorrência de litíases em equinos é considerada incomum quando comparada às outras espécies, tendo uma maior prevalência em machos castrados e animais de idade avançada. O principal componente das litíases encontradas nos cavalos é o carbonato de cálcio. Quanto à sintomatologia clínica, destacam-se a incontinência urinária, disúria, hematúria, mímica de micção, desconforto e inquietação. Considerando a ocorrência de litíases grandes na bexiga, processos obstrutivos são menos prováveis. O diagnóstico definitivo é baseado em exames de imagem, como a ultrassonografia e a cistoscopia. O tratamento é frequentemente cirúrgico, devendo ser realizada a remoção do cálculo. Objetiva-se com esse trabalho relatar um caso de urocistolitíase em um equino atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Foi admitido na Clínica e Cirurgia de Grandes Animais da UFV (CCGA/UFV) um equino, macho, castrado de 14 anos de idade e 370 kg de peso corporal apresentando emagrecimento progressivo e episódios esporádicos de hematúria, eventos relatados pelo proprietário do animal. Após anamnese, foram realizados exame físico e exames laboratoriais, tais quais hemograma, bioquímica sérica e urinálise. Ao exame físico, os parâmetros se encontravam dentro da faixa de normalidade, tendo sido percebida a ocorrência de hirsutismo e uma baixa condição de escore corporal. Quanto aos exames laboratoriais, foram encontradas alterações compatíveis com Síndrome de Cushing (aumento significativo de triglicerídeos e glicose), bem como alterações eletrolíticas (hiponatremia e hipocloremia). Foi dado início ao tratamento para a doença hormonal e o paciente foi encaminhado para ultrassonografia e cistoscopia para maiores elucidação quanto ao quadro de hematúria e disúria. Ao exame ultrassonográfico, foi visualizada uma estrutura de superfície irregular, hiperecogênica e formadora de intenso sombreamento acústico posterior em lúmen vesical, medindo aproximadamente 6 cm, ocorrência de sedimentos na urina, além de artefato de reverberação adjacente à parede vesical, indicando presença de gás. Ao exame de cistoscopia, visualizou-se mucosa uretral e vesical com aspecto hiperêmico, presença de estrutura de superfície espiculada em lúmen vesical e urina com sedimentos. Sendo assim, após o diagnóstico de urocistolítiase, o paciente foi encaminhado para procedimento cirúrgico e remoção do urólito. A litíase foi removida, porém o animal foi a óbito durante a cirurgia. Por fim, foi confirmado um adenoma de hipófise em necropsia. O procedimento cirúrgico é considerado resolutivo nos casos de urocistolitíse, no presente relato, no entanto, o paciente apresentou instabilidade durante a cirurgia em decorrência de outras afecções. Ainda, conclui-se que os métodos de imagem são essenciais no diagnóstico das urolitíases em equinos. |