| Resumo |
O linfoma é uma neoplasia de origem linfóide que em cães representa cerca de 24% do total das neoplasias e pode ser classificado em multicêntrico, alimentar, mediastínico, extranodal e cutâneo. Além disso, classifica-se o linfoma em neoplasia de grandes ou pequenas células. Objetiva-se descrever um caso de linfoma hepático primário de grandes células em cadela, uma vez que a sua prevalência é menor do que comparada ao linfoma multicêntrico. No dia 13/05/2025, foi atendida no setor de emergência do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa (UFV), uma cadela da raça Border Collie, 5 anos, castrada, 14kg, com queixa principal de efusão abdominal e suspeita de neoplasia hepática. A paciente já havia sido atendida em serviço externo, onde foi realizada a drenagem de 3 litros de efusão hemorrágica e teste rápido para erliquiose, confirmando o diagnóstico da hemoparasitose. No atendimento do Hospital Veterinário, foi realizada abdominocentese (de cerca de 4 litros de efusão caracterizada como hemorrágica pela análise citológica). Além disso, foi realizado hemograma, que indicou quadro de anemia grave (15% de hematócrito) e leucopenia (4200) por neutropenia(2919). Diante do quadro apresentado pela paciente, esta foi mantida em internação intensiva com prescrição de terapia analgésica, antiemética e terapia para controle de hemorragia, além da transfusão sanguínea. A paciente já estava em tratamento para erliquiose com doxiciclina. Foi realizada citologia guiada por ultrassonografia sob sedação para coleta de amostra hepática, com resultado compatível com linfoma hepático de grandes células. Foi instituído protocolo quimioterápico (CHOP 19 semanas) e feita a primeira sessão com vincristina 0,7mg/m²/IV e prescrito corticoterapia (prednisolona 2mg/kg/SID/VO por 7 dias). Durante a internação, a paciente necessitou de sucessivas abdominocenteses para conforto e melhora do padrão respiratório. Após a primeira sessão de quimioterapia, houve redução da efusão, sendo possível espaçar a frequência das drenagens. Aliado a isso, foi instituída terapia com vibramicina ao invés da doxiciclina, por se tratar de um quadro crônico e com indícios de acometimento medular. Também foi realizada coleta de medula óssea, em que confirmou-se o quadro de hipoplasia medular decorrente possivelmente da erliquiose crônica. Como medidas de manejo da anemia crônica e leucopenia persistente, foi instituído o uso de eritropoetina recombinante humana (100UI/kg/SC/48h) estimulante de colônia granulocítica (filgrastim® 10mcg/kg/SC) e o uso de nandrolona (deca-durabolin® 2mg/kg/IM 1 vez por semana). Mesmo após as medidas medicamentosas, a paciente ainda precisou passar por nova transfusão sanguínea e drenagens abdominais. A paciente evoluiu para quadro de prostração e icterícia intensa, vindo a óbito em domicílio (tutora optou por alta não autorizada). |