| Resumo |
O carvão vegetal, produto da pirólise lenta da madeira em condições controladas de temperatura e baixa disponibilidade de oxigênio, desempenha um papel crucial no cenário energético global, especialmente em países como o Brasil, maior produtor industrial deste insumo, e na África, onde é amplamente utilizado para fins domésticos. Este estudo buscou realizar uma revisão bibliométrica abrangente da produção científica sobre a qualidade do carvão vegetal, utilizando dados da base Scopus, com o objetivo de mapear tendências, identificar lacunas e direcionar futuras pesquisas. A análise revelou que o Brasil lidera a produção científica no tema, com 33,2% das publicações, refletindo sua posição como principal produtor e consumidor de carvão vegetal, especialmente no setor siderúrgico. Outros países destacados incluem China, Estados Unidos, Índia e nações europeias, cada um com focos específicos, como tecnologias de pirólise rápida (China), aplicações ambientais do biochar (Estados Unidos e Europa) e utilização de resíduos agrícolas (Índia). A África, apesar de sua relevância na produção, apresenta baixa representação acadêmica, indicando uma lacuna a ser explorada. Os resultados mostraram que os tipos de fornos mais utilizados nas pesquisas são os mufla (41,7%), devido à necessidade de controle preciso da temperatura para otimizar a qualidade do carvão. A falta de homogeneidade térmica durante a carbonização foi identificada como fator crítico, influenciando diretamente o teor de carbono fixo e a quantidade de cinzas. As análises mais frequentes nos estudos incluem a caracterização química imediata (21,6%) e o poder calorífico (17,6%), parâmetros essenciais para aplicações industriais. Métodos avançados, como microscopia eletrônica de varredura (SEM/EDS), são utilizados para estudar a microestrutura do carvão, mas análises térmicas (TGA/DSC) ainda são pouco exploradas (4,9%), representando uma oportunidade para pesquisas futuras. Em conclusão, o estudo evidenciou a importância do carvão vegetal como recurso energético e industrial, destacando a necessidade de pesquisas que abordem tecnologias mais eficientes, sustentabilidade e inclusão de biomassas não-madeireiras. A ampliação de colaborações internacionais, especialmente com países africanos, e o desenvolvimento de protocolos padronizados para avaliação da qualidade são caminhos promissores para avanços no campo. |