| Resumo |
Nas últimas décadas, os estados da região Centro-Oeste do Brasil vêm passando por rápida das áreas irrigadas com pivôs centrais para o cultivo de grãos e fibras. No estado de Mato Grosso essa expansão da agricultura irrigada intensificou o consumo das águas superficiais e subterrâneas. Isso ressalta a importância de adoção de práticas agrícolas que visam a conservação do solo e da água, especialmente em áreas com elevado potencial de recarga hídrica. Desta forma, objetivou-se com este trabalho identificar e quantificar as zonas com potencial natural de recarga hídrica (PNRH) da Bacia Hidrográfica do Teles Pires (BHTP), bem como analisar o uso e ocupação da terra nessas zonas. A BHTP, com cerca de 141.602 km², integra a bacia do Tapajós, afluente do Amazonas. Para elaborar o mapa de PNRH da BHTP, foram usados dados geomorfométricos, climáticos e hidrogeológicos. O modelo digital de elevação obtido do NASADEM foi utilizado para gerar os mapas de declividade, curvaturas e de distância à hidrografia. As informações de solos, como textura, profundidade e argila, foram obtidas da base de dados de solos do IBGE. As informações de hidrogeologia foram obtidas do mapa do Sistema Geológico do Brasil (SGB). O balanço hídrico climatológico simplificado foi calculado a partir da diferença entre a precipitação e a evapotranspiração, as quais foram obtidas a partir dos produtos de sensoriamento remoto CHIRPS e MODIS, respectivamente. Todas as variáveis foram normalizadas na escala de 0 a 255, e os pesos de cada variável/critério foram atribuídos por meio do processo de análise hierárquica (AHP). De posse dos respectivos pesos, foi possível obter o mapa do PNRH, o qual foi separado em cinco classes: muito baixo, baixo, moderado, alto e muito alto. Áreas com alto ou muito alto PNRH estão ligadas a terrenos planos ou ondulados, com curvatura horizontal convergente ou não convergente, predominância de Latossolos Vermelhos, Latossosolos Vermelhos-Amarelos e Neossolos Quartzarênicos, sobre unidades sedimentares. Já regiões com baixo ou muito baixo PNRH apresentam relevo mais acidentado, menor excedente hídrico e predominância de afloramentos rochosos e solos das classes Neossolos Litólicos, Cambissolos Háplicos e Argissolos, associados a domínios de rochas vulcânicas ou metassedimentares. Foram levantados na BHTP 72 poços em aquíferos livres monitorados pelo SGB, dos quais, 15 estão em áreas de PNRH muito alto, 5 em alto e 48 em zonas de PNRH muito baixo, sobretudo áreas urbanas. O mapa indicou que 0,55% da BHTP apresenta PNRH muito baixo, 15,4% baixo, 46,43% moderado, 35,96% alto e 4,64% muito alto. Nas áreas de PNRH muito alto, 74,4% do solo é cultivado com culturas anuais, principalmente, soja, milho e algodão. As áreas de alto PNRH, os usos do solo predominante são pastagem (11%), soja (24%) e floresta (54,5%). Já nas regiões de PNRH muito baixo, predominam área urbana (42%) e solo com florestal (36%). |