| Resumo |
O presente trabalho pretende apresentar o processo metodológico de construção do Laboratório de História Oral (LABHO) da Universidade Federal de Viçosa, projeto coordenado pela professora doutora Priscila Ribeiro Dorella (DHI–UFV) com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). O LABHO surge a partir da identificação de uma lacuna historiográfica no que diz respeito à representação de sujeitos indígenas e afrodescendentes nas narrativas oficiais sobre a formação da microrregião de Viçosa. O acervo documental disponível, em grande parte formado por registros escritos, acaba por manter um discurso centrado nos grupos dominantes. Com isso, o LABHO tem como objetivo principal a criação de um acervo de entrevistas em formato audiovisual a serem realizadas com afrodescendentes e indígenas locais, a partir dos preceitos metodológicos da História Oral, entendida a partir de autores como Alessandro Portelli, Verena Alberti e Angela de Castro Gomes como uma prática que busca não somente o registro da oralidade mas o debate crítico acerca da produção do conhecimento acadêmico e da constituição da memória em seus diferentes níveis. A escolha desse caminho metodológico permite, nesse sentido, a diversificação das pesquisas acerca do tema, ao trazer os sujeitos entrevistados para o centro da construção do conhecimento histórico. A formação do acervo busca atuar também como um mecanismo de incentivo ao desenvolvimento de pesquisas futuras na área, seja a partir da análise do material produzido pelo LABHO ou do estímulo ao aprofundamento dos debates em torno da História Oral na UFV. Por envolver um projeto ainda em desenvolvimento, o presente trabalho tem como foco a transparência do processo de construção da pesquisa e não necessariamente um resultado final consolidado, de forma a compartilhar os caminhos percorridos e o aprendizado adquirido até o presente momento. A criação do LABHO tem representado um grande desafio, fruto de seu pioneirismo dentro da UFV, ao mesmo tempo em que constitui um campo fértil de aprendizagem. A História Oral nos convida a um processo constante de ressignificação do que entendemos como conhecimento e ambiente acadêmico pelo desenvolvimento de uma escuta sensível que privilegia uma perspectiva participativa e horizontaliza as relações entre academia e sociedade e abre caminho para colaborações plurais. O LABHO segue atuando como um espaço de institucionalização desses princípios, com iniciativas que buscam o compartilhamento das experiências e conhecimentos adquiridos, como esta apresentação ou as palestras com pesquisadores da área da História Oral que abrangem um amplo público para além da comunidade acadêmica. |