| Resumo |
A citricultura moderna demanda pomares mais adensados, exigindo mudas de porte reduzido e maior eficiência no uso de recursos. A técnica de interenxertia com cultivares ananicantes, associada a porta-enxertos vigorosos, pode representar uma alternativa para superar essas limitações a partir da produção de mudas de porte intermediário. Entretanto, mudas de porte reduzido podem também apresentar crescimento radicular comprometido e baixo vigor vegetativo e produtivo. O estudo teve como objetivo analisar a anatomia das folhas de tangoreiros ‘Murcott’ (Citrus reticulata Blanco × Citrus sinensis (L.) Osbeck) enxertados sob cinco diferentes tratamentos. Espera-se que, inicialmente, uma análise vascular descritiva das folhas contribua para o entendimento das interações entre os diferentes genótipos enxertados. Foram avaliados dois porta-enxertos, o limoeiro ‘Cravo’ (C) e o citrumeleiro ‘Swingle’ (S), a presença ou ausência de um interenxerto ananicante, o trifoliateiro ‘Flying Dragon’ (FD), além de um tratamento adicional com FD como porta-enxerto. Coletou-se folhas expandidas de ramos em crescimento vegetativo, localizados no terço médio das plantas e provenientes do último fluxo de brotação. As amostras foram fixadas em FAA 50% por 48 h. Após a fixação, o material foi lavado em álcool 70% e armazenado por 24 h. Em seguida, as amostras foram desidratadas em série etílica, pré-infiltradas e incluídas em resina de metacrilato. A análise anatômica foi realizada com cortes histológicos em micrótomo rotativo RM 2125, corados com azul de toluidina (AZ), vermelho de rutênio (VR) e Xilidina Ponceau (XP). O AZ permite a diferenciação geral de tecidos, evidenciando compostos pécticos, celulósicos e lignina; o VR destaca pectinas; e o XP marca tecidos ricos em proteínas. As imagens foram capturadas em fotomicroscópio AX70 TRF, acoplado a uma câmera digital. A epiderme abaxial é composta por células retangulares, espessadas na região anticlinal, ricas em pectinas, com a presença de idioblastos subepidérmicos contendo cristais de oxalato de cálcio (OxCa). O mesofilo é organizado em duas a três camadas de parênquima paliçádico, seguido por parênquima esponjoso com espaços intercelulares evidentes. Os feixes vasculares são colaterais abertos, com xilema voltado à face abaxial e floema à adaxial, envolvidos por fibras extraxilemáticas pouco lignificadas. Cristais de OxCa, predominantemente prismáticos, foram observados ao redor dos feixes vasculares e no mesofilo, mais concentrados próximos à epiderme. Cavidades secretoras de óleo essencial também foram observadas no mesofilo. A epiderme adaxial é composta por células retangulares pequenas. Embora haja semelhança na organização estrutural e anatomia das folhas, a investigação da anatomia do tecido vascular do lenho está em andamento, com o objetivo de identificar possíveis alterações associadas ao interenxerto ananicante sobre o desenvolvimento vascular e a integração entre enxerto e porta-enxerto. |