| Resumo |
Pessoas com deficiência ainda são nitidamente excluídas do sistema de ensino superior, reflexo de uma estrutura social capacitista e capitalista que naturaliza desigualdades e limita o acesso à educação. Esta pesquisa adota uma perspectiva interseccional ao analisar o cotidiano de mulheres com deficiência no ambiente universitário, buscando compreender como diferentes marcadores sociais, como gênero, raça e classe, atravessam suas experiências acadêmicas. O objetivo geral é investigar e compreender os obstáculos enfrentados por pessoas com deficiência no ensino superior, com ênfase nas especificidades vivenciadas por mulheres. A metodologia adotada é de natureza quanti-qualitativa, com caráter descritivo e analítico, baseada em revisão bibliográfica, análise documental e consulta a bases de dados sobre educação inclusiva e equidade de gênero. Os dados apontam que a condição de inferioridade historicamente imposta às pessoas com deficiência é ainda mais acentuada quando se considera a inserção com o gênero Mulheres com deficiência, sobretudo as negras e de baixa renda, apresentam índices mais baixos de escolarização e enfrentam múltiplas barreiras de acesso e permanência no ensino superior. Quando conseguem acessar na universidade, encontram um cenário de exclusão simbólica e material, marcado pela ausência de acessibilidade arquitetônica, pedagógica e comunicacional, além da escassez de políticas públicas eficazes de apoio estudantil. A pesquisa revelou que essas estudantes vivenciam uma realidade de precarização estrutural que se manifesta desde o ingresso até a permanência no ambiente universitário. A ausência de rampas, elevadores, intérpretes de Libras, materiais acessíveis, além de práticas pedagógicas pouco inclusivas, compromete a participação plena dessas mulheres nos espaços acadêmicos. Soma-se a isso o despreparo institucional e a invisibilização das questões de gênero e deficiências nas políticas de inclusão existentes. Dessa forma, a análise interseccional evidencia que o ensino superior, embora concebido como espaço de emancipação, pode reproduzir e acentuar desigualdades. É urgente repensar a estrutura universitária de modo a garantir acessibilidade, equidade e pertencimento para todas as estudantes, especialmente aquelas que vivenciam múltiplas opressões. A pesquisa propõe, assim, uma reflexão crítica sobre os impactos do sistema capitalista, capacitista e patriarcal na trajetória acadêmica de mulheres com deficiência, e destaca a necessidade de políticas públicas comprometidas com a inclusão, a permanência e o respeito à diversidade. |