| Resumo |
Introdução: A coqueluche é uma infecção do trato respiratório causada pela bactéria Bordetella pertussis, transmitida por meio de gotículas respiratórias. Em neonatos e lactentes, a enfermidade é especialmente preocupante devido ao alto risco de complicações, como pneumonia, convulsões, hipoxemia e morte. Diante disso, a vacina dTpa foi incluída no calendário nacional de vacinação para gestantes em 2014 com o intuito de promover a imunização passiva nos recém-nascidos até que eles completem os próprios esquemas vacinais. Nesse contexto, a correlação entre a cobertura vacinal e a incidência de casos é essencial para a observação dos resultados positivos da profilaxia e a adoção de medidas que visem atingir as metas de cobertura. Objetivos: Averiguar de forma breve e objetiva o efeito da vacina dTpa gestante na incidência da coqueluche em neonatos e lactentes no Brasil, entre 2012 e 2022. Material e Métodos: Estudo ecológico, transversal com base em dados secundários obtidos no DataSUS a respeito da influência da vacina dTpa gestante na incidência da coqueluche em menores de 6 meses. As variáveis utilizadas na análise foram “casos confirmados”, “faixa etária”, “ano”, “região", “evolução”, “vacinação dTpa gestante”, “por ano”, “por região” e “nascidos vivos”, as quais foram coletadas em julho de 2025. O cálculo da incidência foi realizado a partir da razão entre os novos casos de coqueluche pela quantidade de nascidos vivos em 2013, o mesmo para o ano de 2015. Resultados: Durante o período foram contabilizados 30873 casos de coqueluche no Brasil, sendo 16094 em menores de 6 meses (52,13%). Os registros concentram-se no ano de 2014 (28,77% n=4630), na faixa etária de 2 meses (25,25%, n=4063) e na região Sudeste (39,97% n=6433). Desses, 14406 (89,51%) evoluíram para a cura e 381 (2,37%) para o óbito. Com relação às imunizações, a cobertura vacinal encontra-se em uma crescente com exceção aos anos de 2016, 2020 e 2021, sendo que o maior percentual de aplicações ocorreu em 2019 (63,23%), na região Centro-Oeste (44,36%). Percebe-se que a redução de 11,16% na vacinação em 2016 foi acompanhada por um aumento de 21,60% no número de notificações de coqueluche em 2017; assim também no ano de 2021, com queda de 3,26% na cobertura e acréscimo de 46,99% na quantidade de casos no ano subsequente. Ao se comparar a incidência da enfermidade no ano anterior à instituição da dTpa gestante, em 2013 (112,64/100 mil nascidos vivos), com a de 2015 (55,44/100 mil nascidos vivos), nota-se o decréscimo de 50,78% da população acometida. Conclusões: O estudo sugere o efeito protetor da vacina dTpa gestante na prevenção de novas infecções por coqueluche. Destaca-se o aumento dos casos nos anos subsequentes aos que apresentaram queda vacinal e a redução na incidência da enfermidade no ano posterior à instituição da vacinação. Ainda que a doença esteja em declínio, é fundamental ratificar a importância do imunizante. |