| Resumo |
Epilachna clandestina (Mulsant, 1850) é um besouro pertencente à família Coccinellidae, popularmente conhecido como joaninha. Ao contrário de outras espécies do grupo, que se alimentam de insetos, E. clandestina é fitófaga e consome folhas de diversas plantas, com preferência por espécies de Cucurbitaceae e Solanaceae. Por esse motivo, constitui uma potencial praga agrícola em diversas regiões onde foi introduzido, impactando economicamente cultivos de interesse comercial. Diante disso, estudos voltados à biologia reprodutiva da espécie, como a análise histoquímica de estruturas do sistema reprodutor, são fundamentais para o entendimento dos mecanismos reprodutivos e possíveis estratégias de controle. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo caracterizar histoquimicamente as glândulas acessórias do sistema reprodutor masculino de E. clandestina. Para isso, exemplares machos adultos tiveram seus sistemas reprodutores dissecados em tampão fosfato 0,1 M (pH 7,2). As glândulas acessórias foram fixadas em solução de Carnoy, desidratadas em série crescente de etanol, incluídas em historesina, seccionadas em cortes de 3 µm e submetidas às colorações com Azul de Nilo, Mercúrio Bromofenol e Ácido Periódico de Schiff (P.A.S.). Os resultados revelaram que a glândula acessória associada ao ducto deferente apresenta dois tipos de secreções, compostas por lipídios básicos e proteínas, nas regiões medial e distal. Ambas não reagiram positivamente à coloração com P.A.S., sugerindo a ausência de polissacarídeos neutros. Já a glândula acessória associada à vesícula seminal também apresentou secreções lipídicas e proteicas nas regiões proximal, medial e distal, igualmente não reativas ao P.A.S. Curiosamente, observou-se que, enquanto a secreção da primeira glândula é do tipo merócrina, a segunda apresenta secreções tanto merócrinas quanto apócrinas. Do ponto de vista funcional, essas secreções podem ter papel relevante no sucesso reprodutivo dos machos. É possível que atuem na redução da receptividade da fêmea a novas cópulas, diminuindo a competição espermática, além de potencialmente contribuírem para a formação de tampões copulatórios que selam a abertura genital feminina após a cópula. No entanto, a confirmação dessas hipóteses requer estudos adicionais focados na genitália feminina e nos mecanismos de fertilização da espécie. |