| Resumo |
A mancha bacteriana do eucalipto (MBE) é uma doença de importância crescente em viveiros e plantios comerciais de Eucalyptus, podendo comprometer tanto a qualidade das mudas quanto a produtividade final do povoamento florestal. Os sintomas começam com lesões do tipo anasarca nas folhas, que se desenvolvem para lesões necróticas, às vezes envoltas por halos amarelados, em alguns casos esse tecido pode ser abortado, deixando furos no limbo foliar, no estágio mais avançado da doença, ocorre morte dos ponteiros e desfolha. A etiologia da doença é associada a diferentes fitobactérias, porém Xanthomonas citri pv. eucalyptorum (=Xanthomonas axonopodis pv. eucalyptorum) é considerado o principal agente causal da enfermidade no Brasil, recebendo o foco das pesquisas e orientando os programas de seleção de clones resistentes à doença. No entanto, evidências recentes observadas em áreas de eucaliptocultura no sul do Brasil, indicam que outra espécie associada à etiologia da MBE também deve ser considerada. Em plantios do clone 32864 (E. saligna), considerado resistente à doença, foram observadas árvores com sintomas da MBE. Diante desse cenário, o presente trabalho teve como objetivo identificar, com base em ferramentas moleculares, os isolados obtidos a partir de amostras de folhas do clone 32864 com sintomas típicos da doença. Foram obtidos 17 isolados, destes, apenas aqueles do gênero Xanthomonas foram capazes de causar doença no clone 32864, destacando-se o isolado BAC87. As bactérias obtidas foram identificadas por meio de Multilocus Sequence Analysis (MLSA), utilizando os genes housekeeping dnaK, gyrB, fyuA e rpoD. A análise filogenética revelou que o isolado BAC87 pertence à espécie Xanthomonas arboricola. Este é o primeiro relato da ocorrência de X. arboricola causando doença em Eucalyptus spp.. Até então, essa espécie era conhecida apenas por infectar frutíferas do gênero Prunus e Juglans. A presente pesquisa ampliou significativamente o conhecimento atual sobre os patógenos associados à doença, demonstrando a necessidade de aprofundar os estudos sobre a etiologia da MBE no Brasil, a fim de apoiar os programas de melhoramento genético para a seleção de clones resistentes à doença. |