Das Montanhas de Minas ao Oceano: Os Caminhos da Ciência para um Futuro Sustentável

20 a 25 de outubro de 2025

Trabalho 21750

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Pós-graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Agrárias
Área temática Dimensões Ambientais: ODS15
Setor Departamento de Engenharia Florestal
Bolsa Não se Aplica
Conclusão de bolsa Não
Primeiro autor Camila da Silva Bonjour
Orientador JOAO GILBERTO MEZA UCELLA FILHO
Outros membros EMANOELE LIMA ABREU, João Victor da Costa Santos
Título Epistemicídio verde: a sub-representação dos saberes etnobotânicos indígenas na literatura científica nacional
Resumo Epistemicídio verde pode ser compreendido como o apagamento sistemático dos saberes tradicionais associados à natureza — uma forma de violência epistêmica que contribui para a invisibilização dos povos indígenas em um contexto de profunda crise ecológica. Diante dos desafios impostos pela emergência climática, erosão da biodiversidade e desigualdades sociais, a valorização dos conhecimentos tradicionais adquire centralidade nas agendas de sustentabilidade e justiça epistêmica. Este estudo realiza uma análise bibliométrica crítica da produção científica sobre os conhecimentos etnobotânicos dos dez povos indígenas mais populosos do Brasil, com base em dados da plataforma Scopus entre 1992 e 2025. Os resultados revelam um panorama marcado por assimetrias estruturais: enquanto grupos como Guarani, Kaingang e Baniwa concentram a maior parte dos estudos, etnias com relevância demográfica e territorial, como Yanomami, Xavante e Tupinambá, estão sub-representadas. De forma semelhante, biomas como Amazônia e Mata Atlântica recebem atenção substancial, em contraste com a negligência de regiões como Cerrado, Pantanal e Pampa, também centrais para a diversidade biocultural do país. A análise identifica avanços metodológicos, como a adoção de abordagens participativas e colaborativas. Contudo, a documentação da participação indígena ainda é esporádica e, em muitos casos, superficial. Persistem lacunas na validação dos saberes tradicionais, frequentemente registrados sem triangulação com dados fitoquímicos ou biomédicos, o que evidencia tensões entre epistemologias indígenas e os parâmetros da ciência ocidental. Esses conhecimentos, além de seu valor sociocultural, possuem elevado potencial prático, sobretudo em interface com interesses empresariais voltados à obtenção de patentes e à bioprospecção. A ausência de políticas que articulem o reconhecimento desses saberes com proteção intelectual e repartição justa de benefícios pode gerar novas formas de apropriação indevida. Em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente os ODS 4, 10, 13 e 15, propõe-se a criação, no Ministério dos Povos Indígenas, de um Programa Nacional de Pesquisa Etnobotânica de Base Comunitária. A iniciativa busca fomentar produção científica liderada por pesquisadores indígenas, articulada com instituições de ensino e orientada pelos princípios do consentimento prévio, da repartição equitativa de benefícios e do reconhecimento da autonomia epistemológica dos povos originários. Ao oferecer um diagnóstico das assimetrias na literatura científica nacional, esta investigação contribui para o redirecionamento das políticas públicas em ciência e tecnologia. Valorizar os saberes etnobotânicos indígenas, mais do que uma reparação histórica, constitui um imperativo ético e estratégico para a construção de modelos de desenvolvimento verdadeiramente sustentáveis, inclusivos e alinhados com a diversidade sociocultural e os direitos coletivos dos povos originários.
Palavras-chave Povos indígenas, Etnobotânica, Sustentabilidade
Forma de apresentação..... Painel
Link para apresentação Painel
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